Maduro: "Ninguém foi tão injuriado como Hugo Chávez"

Dezenas de líderes internacionais acompanham as cerimónias fúnebres do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que morreu na terça-feira na sequência de um cancro.

Fotogaleria
Milhares de venezuelanos fazem fila para se despedirem de Chávez Reuters
Fotogaleria
Reuters
Fotogaleria
Velas por Chávez AFP
Fotogaleria
Dezenas de chefes de Estado assistiram ao funeral de Chávez Reuters

"Nenhum líder da nossa pátria foi mais injuriado e vilipendiado do que o nosso comandante Presidente. Jamais em 200 anos se mentiu tanto sobre um homem, aqui e no mundo", disse Nicolás Maduro, que tomará posse como Presidente interino e é o sucessor escolhido por Chávez.

Numa hora "dura e trágica para a história do século XXI", Maduro repetiu elogios a Chávez, dizendo que o "comandante" "nunca mentiu na política e na vida". "Deu toda a sua vida e o seu corpo aos oprimidos e pobres", afirmou Maduro, que será o candidato do "chavismo" nas próximas eleições.

No discurso de meia-hora, diz a AFP, Maduro prometeu ainda lealdade a Chávez e ao seu “combate pelos pobres, pela educação e por um mundo mais justo”.

Antes do discurso de Maduro, mereceu destaque a imagem de unidade da América Latina, reforçada pelos aplausos, gritos e abraços com que foram recebidos os chefes de Estado do Equador, Peru ou Uruguai à entrada para a capela funerária da Academia Militar, onde decorrem as cerimónias.

Presentes na cerimónia estão 30 chefes de Estado, entre eles o Presidente do Chile, Sebastián Piñera, o Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e em lugar de destaque, na primeira fila, o Presidente cubano, Raúl Castro.

A líder brasileira, Dilma Rousseff, que esteve acompanhada pelo ex-Presidente Lula da Silva no velório, regressou ao país antes da cerimónia protocolar.

Cristina Kirchner, a Presidente da Argentina, justificou a sua ausência do funeral por razões médicas. Mas numa mensagem escrita no Twitter deixou a sua homenagem – e do povo argentino – ao comandante da Venezuela: “Gostem ou não, Chávez foi o melhor amigo que o nosso país teve, quando o resto do mundo nos abandonou.”

Ao mesmo tempo que acompanham a procissão automóvel das mais de 50 delegações de mandatários internacionais, milhares de venezuelanos aguardam em filas compactas que se estendem por quilómetros pela sua vez de entrar na Academia Militar e despedir-se do Presidente que governou o país durante os últimos 14 anos.

À chegada ao local, o Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, conservador, esqueceu momentaneamente o protocolo e acercou-se da multidão concentrada à frente do edifício, distribuindo saudações e cumprimentos.

Hugo Chávez rompeu relações diplomáticas com o Governo colombiano em Julho de 2010, acusado pelo então Presidente Álvaro Uribe de financiar a luta armada das FARC; depois da eleição de Santos, houve uma reaproximação, com o líder venezuelano a descrever o novo Presidente colombiano como o seu “novo melhor amigo”.

Em declarações à BBC Mundo em Caracas, o Presidente do Uruguai, José Mujica, garantiu que a América Latina não vai desistir do ambicioso projecto de unidade e afirmação da região, em contraponto com o poderio dos Estados Unidos da América, lançado por Hugo Chávez. “Perdemos o símbolo, mas a causa permanece”, sublinhou Mujica.

Além dos líderes da região, encontram-se entre os cerca de 30 chefes de Estado alguns dos mais controversos aliados internacionais de Chávez: o Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, que em Caracas descreveu o líder venezuelano como “um símbolo de todos os que buscam justiça, amor e paz no mundo”, e o autocrata líder bielorrusso, Alexander Lukashenko. A Síria enviou um ministro de Estado para representar o regime de Assad, que tinha lamentado a "grande perda" que a morte de Chávez representava para o seu país e também "pessoalmente" para ele.

Os Estados Unidos estiveram representados a nível oficial por funcionários diplomáticos e membros do Congresso. No entanto, assistiram às exéquias a título individual o reverendo Jesse Jackson, figura do movimento pelos direitos cívicos da década de 60, e o conhecido actor Sean Penn, admirador e amigo pessoal de Hugo Chávez.

“Chávez vive, a luta segue”, gritava o povo na rua. Muitos viajaram até à capital para prestar homenagem ao seu líder e também jurar a sua fidelidade eleitoral ao vice-presidente Nicolás Maduro, que no final das exéquias irá até à Assembleia Nacional para ser empossado Presidente interino.
 

Sugerir correcção
Comentar