General diz que Chávez morreu “em grande sofrimento”, após ataque cardíaco
Chefe da guarda presidencial afirma que o Presidente da Venezuela pediu para não o deixarem morrer.
“Ele não podia falar, mas disse com os lábios… ‘Eu não quero morrer, por favor não me deixe morrer’, porque ele amava o seu país, sacrificou-se por ele”, disse o general em entrevista à Associated Press (AP).
Ornella passou os últimos dois anos a acompanhar Chávez, incluindo nos momentos finais, em que o Presidente da Venezuela lutava contra um cancro na região pélvica. O líder conhecido como ‘El Comandante’ acabou por morrer na terça-feira à tarde, no hospital militar de Caracas, aos 58 anos. Eram 16h25 (20h55 em Lisboa), segundo o anúncio oficial.
Em entrevista à AP, à saída da Academia Militar para onde foi levado o corpo de Chávez – a mesma onde o Presidente começou a sua carreira militar –, Ornella disse que o cancro estava numa fase muito avançada nos últimos dias, mas não deu mais detalhes. Questionado sobre se a doença tinha atingido os pulmões de Chávez, o general não respondeu.
Na véspera da morte do Presidente venezuelano, o Governo anunciou que ele tinha sofrido uma nova infecção respiratória, a segunda depois da quarta operação que fez em Cuba, em Dezembro. As autoridades nunca revelaram o tipo de cancro de que Chávez padecia nem especificaram exactamente de que partes do corpo foram removidos os tumores, nas operações.
O general José Ornella disse ainda que Chávez teve “os melhores” médicos do mundo, que nunca discutiram o estado clínico do Presidente na sua presença.
Afirmando que nunca soube ao certo que tipo de cancro tinha o Presidente, Ornella disse que ele “sofreu muito” e que, quando falou aos venezuelanos a 8 de Dezembro, três dias antes da última cirurgia em Cuba, Chávez sabia que “não havia grande esperança de sobreviver depois da operação”.
Tal como o vice-presidente Nicolás Maduro, também o general Ornella tem suspeitas sobre a origem do cancro de Chávez. Maduro disse na terça-feira que a doença tinha sido “provocada pelos inimigos da Revolução Bolivariana”, sugerindo um envolvimento dos Estados Unidos.
“Penso que passarão 50 anos até que eles desclassifiquem um documento [que] eu penso [que vai mostrar] que a mão do inimigo esteve envolvida”, afirmou Ornella, sem dizer a quem se referia.