PS suspeita que IEFP está a “varrer para debaixo do tapete” dados do desemprego

Centros de emprego chamaram milhares de pessoas nos últimos dias e quem faltasse sem justificação podia ter inscrição anulada. PS teme "baixa artificial do desemprego".

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PS entrega segunda-feira no Parlamento uma pergunta sobre esta matéria Pedro Maia

“Tivemos relato de que milhares e milhares de pessoas estavam a ser convocadas para pessoalmente se deslocarem aos centros de emprego, sob pena de serem suspensas”, afirmou Nuno Sá, coordenador para as questões do emprego no grupo parlamentar do PS.

O deputado disse que “não havia nada para oferecer às pessoas, nenhuma oferta de emprego, nem quaisquer dados para actualizar”. “Faz-nos suspeitar fortemente, com todos estes indícios, de que não foi mais do que uma mera operação estatística para varrer para debaixo do tapete os graves números do desemprego, porque chamam as pessoas para uma suposta actualização de dados e se não responderem desaparecem dos números do desemprego”, afirmou. As pessoas “são chamadas meramente para lhes poder ser marcada falta”, acusou.

Nuno Sá reconheceu que o IEFP “faz controlos da situação de desemprego e da alteração dessa situação”, mas disse que isso é feito por via postal. “Isto levanta preocupações de legalidade, porque o IEFP reporta ao INE os números do desemprego, que por sua vez reporta ao Eurostat”, argumentou, temendo uma “baixa artificial do desemprego”. O PS vai entregar esta segunda-feira na Assembleia da República uma pergunta sobre esta matéria.

A reacção do PS surge após o PÚBLICO ter noticiado, na edição de sexta-feira, que nos últimos dias milhares de desempregados tinham sido chamados aos centros de emprego para participarem em sessões colectivas, com o intuito de actualizar os seus dados pessoais e dar informações sobre as recentes alterações nos estágios profissionais. Quem não respondeu à convocatória e não justificar a ausência corre o risco de ver a sua inscrição anulada.

O PÚBLICO apurou que estas convocatórias e o reforço das sessões colectivas terão ficado a dever-se a problemas no controlo postal dos desempregados durante o mês de Fevereiro. Fonte oficial do IEFP reconheceu que em Fevereiro “o controlo postal não foi feito, por razões não imputáveis ao IEFP”, mas que a ausência de controlo postal nada tem a ver com o reforço das convocatórias. O coordenador da Comissão de Trabalhadores do IEFP, Godinho Soares, afirmou que já tinha sido pedido  um esclarecimento ao conselho directivo.