Grândola volta a ser cantada, desta vez a Franquelim Alves
O secretário de Estado do Empreendedorismo estava em Faro quando ouviu a canção que esta semana se transformou em hino de protesto contra o Governo.
Como não foram autorizados a entrar, os cerca de 20 manifestantes – tantos como os policias que os vigiavam – não foram autorizados a entrar e ficaram à porta, lançando palavras de protesto contra o Governo.
Manuel Filipe, professor reformado, queixou-se que tem três filhos, licenciados, mas só um é que tem trabalho. O segundo está desempregado e o outro encontra-se em insolvência. A sua presença, disse ao PÚBLICO, é “um ensaio para grande manifestação” do dia 2 de Março. “Acabei de pagar o ano passado a casa, agora aumentam-me o IMI, cortaram a pensão e os meus filhos, muitas das vezes, tenho de lhes dar de comer”, acrescentou.
Ao seu lado, um outro professor desafiava a polícia com a pergunta: “Não podemos entrar porquê?” O agente da PSP não respondeu e ele voltou à carga: “Os criminosos não estão aqui, estão lá dentro”. De seguida, exibiram uma faixa: “Que se lixe a Troika, o povo é quem mais ordena”.
Para a frente da fila, entretanto, avançaram cinco crianças, com idades entre os cinco e oito anos “Elas são umas perigosas manifestantes”, ironizam. Mais uma vez, soou a Grândola, em versão reduzida, enquanto era exibida uma faixa que dizia “Demite-te Coelho”.
Ao grupo inicial, juntaram-se depois elementos da União de Sindicatos do Algarve e outros populares. Lá dentro, no auditório do IPJ, o deputado Mendes Bota falava dos “caminhos” percorridas pelas várias crises ao longo da história recente e Franquelim Alves, sentado a seu lado, observava os números ali revelados sobre a divida externa, na versão do Governo. Enquanto isso, na rua um homem troca as voltas à canção de Zeca Afonso, cantando “em cada rosto… uma equivalência para Relvas”.