Caso Casa Pia: cronologia de uma década
2002
23 de Novembro: Expresso publica reportagem sobre abusos de menores na Casa Pia.
25 de Novembro: motorista da instituição e principal arguido, Carlos Silvino, é detido.
2003
31 de Janeiro: arguidos Carlos Cruz, Hugo Marçal e Ferreira Diniz são detidos. Apenas Marçal sai com caução no dia seguinte, os outros ficam em prisão preventiva.
22 de Fevereiro: Gertrudes Nunes, dona da casa de Elvas onde alegadamente ocorreram abusos, é constituída arguida.
1 de Abril: ex-provedor adjunto da Casa Pia, Manuel Abrantes, é detido.
5 de Maio: Hugo Marçal, advogado, fica em prisão preventiva.
20 de Maio: embaixador Jorge Ritto é preso preventivamente.
22 de Maio: Paulo Pedroso, ex-ministro socialista, é preso preventivamente.
30 de Maio: humorista Herman José é ouvido pela PJ e constituído arguido.
8 de Outubro: Paulo Pedroso sai em liberdade.
17 Outubro: Hugo Marçal sai em liberdade com termo de identidade e residência.
29 de Dezembro: no fim da fase de inquérito, Ministério Público deduz acusação contra 10 de 13 arguidos iniciais.
31 de Dezembro: Ferreira Diniz, médico, em prisão domiciliária.
2004
2 de Abril: Jorge Ritto regressa a casa com obrigação de apresentações periódicas às autoridades.
4 de Maio: Carlos Cruz, apresentador, em prisão domiciliária.
7 de Maio: Manuel Abrantes em prisão domiciliária.
31 de Maio: despacho de pronúncia inclui Carlos Silvino, Carlos Cruz, Jorge Ritto, Ferreira Diniz, Manuel Abrantes, Hugo Marçal e Gertrudes Nunes. Paulo Pedroso, Herman José e arqueólogo Francisco Alves não irão a julgamento.
25 de Novembro: julgamento inicia-se no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa.
2 de Dezembro: segunda sessão realiza-se no Tribunal de Monsanto, depois de juízes pedirem transferência devido à falta de espaço na Boa-Hora.
16 de Dezembro: Carlos Silvino começa a depor e implica os outros arguidos.
2005
Janeiro: julgamento muda-se para Tribunal Militar de Santa Clara.
14 de Fevereiro: Carlos Cruz começa a depor.
3 de Novembro: tribunal faz perícias na casa de Elvas onde alegadamente ocorreram abusos.
25 de Novembro: Carlos Silvino sai em liberdade.
2006
24 de Fevereiro: defesa de Carlos Silvino suscita incidente de recusa de juiz por duvidar de "imparcialidade".
1 de Março: julgamento prossegue.
8 de Março: juíza presidente do colectivo, Ana Peres, acelera ritmo e marca sessões todos os dias.
10 de Março: sessões são reabertas a jornalistas, depois de ouvidas alegadas vítimas.
29 de Março: Tribunal Arbitral decide que Estado pagará dois milhões de euros em indemnizações a 40 das alegadas vítimas.
2007
Junho: processo em "férias de Verão" pela terceira vez, com mais de 600 testemunhas ouvidas e com queixas de forças políticas e agentes judiciais sobre morosidade.
15 de Setembro: reforma penal entra em vigor. Ministro da Justiça, Alberto Costa, admite dias antes que caso Casa Pia guiou alterações.
5 de Outubro: ex-provedora Catalina Pestana afirma em entrevista ao Sol que abusos na instituição continuam.
10 de Outubro: provedora Joaquina Madeira nega ter indícios de novos abusos.
14 de Novembro: Paulo Pedroso, ouvido como testemunha, nega pressões para ser beneficiado.
20 de Dezembro: ex-secretário geral do PS Ferro Rodrigues ouvido como testemunha.
2008
28 de Maio: Carlos Cruz volta a depor em tribunal.
2 de Junho: Ferreira Diniz fala pela primeira vez desde o início do julgamento.
2 de Setembro: Paulo Pedroso ganha acção contra Estado por prisão ilegal.
22 de Outubro: juíza Ana Peres marca início das alegações finais para daí a um mês no Tribunal de Monsanto, "faça sol, faça chuva ou chovam picaretas".
24 de Novembro: procurador do Ministério Público, João Aibéo, começa alegações finais.
10 de Dezembro: João Aibéo pede penas superiores a cinco anos para todos os sete arguidos em julgamento.
11 de Dezembro: Miguel Matias, advogado das vítimas e da Casa Pia, pede indemnizações aos arguidos e condenação de todos.
16 de Dezembro: defesa de Carlos Silvino pede pena suspensa.
2009
6 de Janeiro: em alegações finais, defesa de Manuel Abrantes pede absolvição e critica "borrão imperceptível" do despacho de pronúncia.
7 de Janeiro: defesa de Jorge Ritto pede absolvição.
14 de Janeiro: depois de quatro sessões de alegações finais, defesa de Carlos Cruz pede absolvição.
21 de Janeiro: defesa de Ferreira Diniz pede absolvição.
22 de Janeiro: defesa de Hugo Marçal pede absolvição.
26 de Janeiro: defesa de Gertrudes Nunes pede absolvição.
28 de Janeiro: procurador João Aibéo nega existência de "pacto" para reduzir a pena a Carlos Silvino se este colaborasse, como alegou a defesa do arguido.
5 de Fevereiro: Ministério Público entrega ao tribunal proposta com mais de 40 alterações não substanciais de factos do despacho de pronúncia.
8 de Maio: julgamento regressa à Boa-Hora.
19 de Julho: primeira sessão do julgamento no Campus da Justiça de Lisboa.
2 de Novembro: arguidos reafirmam inocência, Carlos Silvino não fala.
6 de Novembro: tribunal aceita alterações de factos relativos à acusação a Carlos Silvino.
23 de Novembro: tribunal aceita sete alterações de factos para crimes imputados a Carlos Silvino, Manuel Abrantes, Jorge Ritto e Ferreira Diniz.
14 de Dezembro: colectivo anuncia mais quatro alterações a factos imputados a Carlos Silvino, defesa de Carlos Cruz insurge-se contra "falta de fundamentação ou justificação razoável".
2010
11 de Janeiro: defesa de Carlos Cruz anuncia que vai pedir "aceleração do processo" ao Conselho Superior da Magistratura.
26 de Fevereiro: de mais de 500 novas inquirições de testemunhas pedidas pelas defesas, os juízes aceitaram apenas 20 aos arguidos Ferreira Diniz e Jorge Ritto, que acabam por prescindir delas.
19 de Abril: defesa de Carlos Cruz admite possíveis condenações, pede para juízes não decidirem com "preconceito" ou "irracionalidade".
23 de Abril: tribunal ouve últimas declarações finais de arguidos e marca leitura de acórdão para 9 de Julho.
17 de Junho: Relação de Lisboa recusa pagamento de indemnização a Paulo Pedroso, depois de Ministério Público ter recorrido da decisão de 2009.
3 de Setembro: leitura do acórdão. Carlos Silvino é condenado a 18 anos, Carlos Cruz e Ferreira Diniz a sete anos cada um, Jorge Ritto a seis anos e oito meses, Hugo Marçal a seis anos e dois meses e Manuel Abrantes a cinco anos e nove meses. Gertrudes Nunes acaba absolvida.
2011
Janeiro: entrega dos recursos ao Tribunal da Relação de Lisboa
2012
9 de Fevereiro: Tribunal da Relação começou a julgar os recursos.
23 Fevereiro: Tribunal da Relação de Lisboa decreta a nulidade do acórdão na parte respeitante aos abusos cometidos em Elvas e ordena novo julgamento. Como consequência, a Hugo Marçal não é fixada qualquer pena. A pena de Carlos Cruz é reduzida de sete para seis anos e a de Carlos Silvino de 18 para 15 anos de prisão.
11 de Julho: início da repetição do julgamento dos crimes da casa de Elvas, com quatro arguidos: Carlos Cruz, Hugo Marçal, Carlos Silvino e Gertrudes Nunes.
22 de Setembro: Carlos Silvino recorre para o Tribunal Constitucional da pena de 15 anos de prisão, mas recurso está pendente de fundamentação.
22 de Outubro: tribunal decide aceitar que uma das vítimas, Ilídio Marques, constituído também assistente, volte a depor.
9 de Novembro: Carlos Silvino altera declarações à PJ e diz que não levou qualquer menor à casa de Elvas. O antigo motorista pede desculpa aos arguidos e afirma que estava a dizer a verdade agora.
16 de Novembro: Ilídio Marques diz que as indicações de nomes não passaram "de brincadeira" entre as vítimas e que foram induzidos pela PJ para indicarem nomes.
28 de Novembro: Tribunal Constitucional rejeita recurso de Carlos Silvino para diminuir tempo de prisão.
2013
16 de Janeiro: Carlos Silvino é novamente detido pela PJ para cumprir o que lhe resta da pena a que foi condenado.
7 de Fevereiro: Tribunal Constitucional rejeita recursos de Carlos Cruz, Manuel Abrantes, Jorge Ritto e Ferreira Dinis. Os quatro poderão regressar à cadeia nas próximas semanas.
22 de Fevereiro: data marcada para a leitura do acórdão relativo aos crimes de Elvas, em que são arguidos Carlos Cruz, Carlos Silvino, Hugo Marçal e Gertrudes Nunes.