Jovens europeus identificam que riscos da Internet estão nos vídeos violentos e pornográficos

Inquérito EU Kids Online chegou a quase dez mil jovens de 25 países europeus.

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Face à pornografia, 59% sentem repulsa AFP

A conclusão consta de um estudo divulgado esta terça-feira, coordenado pelo projecto europeu EU Kids Online, que congrega as respostas de quase dez mil jovens europeus, para aferir o que incomoda as crianças e jovens dessa idade ao usarem a rede.

Conduzido em 25 países europeus, incluindo Portugal, e divulgado na data em que se assinala o Dia Europeu da Internet Segura, este estudo aponta os portais de partilha e alojamento de vídeos, as páginas na Internet na sua generalidade, as redes sociais e os jogos, como as principais fontes de incómodos e riscos para os mais novos.

Das 9904 respostas analisadas, 32% dos rapazes e raparigas inquiridos consideram os portais de partilha de vídeos como as plataformas de maior risco para encontrar online imagens violentas ou pornográficas, com muitos deles, alguns apenas com nove anos, a descrever cenas de sexo explícito, de violência ou de crueldade animal, como exemplos daquilo com que já se depararam online, inadvertidamente.

Nas respostas, os jovens europeus exprimiram também as suas emoções perante aquilo com que foram confrontados, sendo que o medo representa 54% das reacções perante a violência, e a repulsa, 59% das reacções perante a pornografia.

“Uma das conclusões que esta análise evidenciou é que as crianças estão muito incomodadas com conteúdos violentos e pornográficos, que aparecem até associados a um tom humorístico, mas que elas próprias dizem que não acham graça nenhuma”, disse à Cristina Ponte, coordenadora do EU Kids Online em Portugal.

Quanto às redes sociais, como o Facebook, 48% dos jovens associa-lhes riscos relacionados com questões de conduta, e 30%, com o estabelecimento de contactos.

O estudo revela ainda que, em relação às preocupações com a utilização de redes sociais, são sobretudo as raparigas que percepcionam os riscos, e são também elas que valorizam as questões de conduta e de contactos através da rede. Já os rapazes estão mais atentos à violência e pornografia.

De acordo com o relatório do estudo, as diferentes percepções consoante o género explicam-se pelo facto de os rapazes serem os que mais usam plataformas online de partilha de vídeos e os que mais recorrem aos jogos, estando por isso mais vulneráveis a imagens de violência e pornografia.

Já as raparigas, mais activas nas redes sociais, estão mais preocupadas com questões de comportamentos, de devassa da vida privada e de reputação entre pares.

“Este tipo de riscos, que nós ligamos mais a condutas, aparece mais do que o aborrecimento que causa, por exemplo, ser contactado por um estranho, que é até uma preocupação muito mais presente na agenda pública”, destacou Cristina Ponte.

“Uma das conclusões a que se chegou é que são aqueles que já foram magoados que a seguir vão magoar. Temos de contrariar esta tendência de condutas que respeitam pouco os outros”, acrescentou.

A análise ao inquérito demonstrou também que a percepção dos riscos na rede muda à medida que as crianças vão crescendo, evoluindo de uma preocupação mais vincada com os conteúdos disponíveis para uma maior preocupação com condutas.

Dos exemplos dados pelo estudo, destacam-se as preocupações com o bullying, que vão aumentando até atingirem um "pico" por volta dos 13-14 anos, ou as preocupações com a partilha indesejada de informações privadas, como fotografias, que são mais comuns entre os mais velhos.

Menos mencionados, mas também presentes, e em crescendo à medida que as crianças crescem, estão preocupações com conteúdos relativos a automutilação e suicídio, distúrbios alimentares, drogas, racismo e publicidade.