Kathryn Bigelow diz que a tortura não pode ser ignorada

A realizadora norte-americana garante que não faria qualquer alteração ao filme 00h30: A Hora Negra. O filme estreia esta quinta-feira

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“Durante muitos anos, pensei que o filme em que 00h30: A Hora Negra se transformou nunca aconteceria”. É deste modo que Kathryn Bigelow, a realizadora, inicia um artigo publicado esta terça-feira no jornal LA Times. Mas aconteceu, e, depois do filme, veio a polémica em torno das cenas de tortura que levou para o ecrã.

Kathryn Bigelow esclarece que defende o direito de todos os norte-americanos “de criarem obras de arte e falarem com consciência sem interferência governamental ou perseguição”. A realizadora de 00h30: A Hora Negra acrescentou que apoia “todos os protestos contra o uso de tortura e tratamentos desumanos de qualquer tipo”.

No entanto, Bigelow questiona se a críticas e os sentimentos que o filme despertou junto de algumas pessoas não deveriam ser dirigidas a quem autorizou as medidas de tortura praticadas na caça ao líder da al-Qaeda em vez de a um filme “que traz a história para o ecrã”. “Aqueles que trabalham nas artes sabem que representação não é aprovação. Se assim fosse, nenhum artista poderia pintar práticas desumanas, nenhum autor poderia escrever sobre elas e nenhum realizador poderia analisar os temas espinhosos dos nossos tempos.”

00:30 A Hora Negra, que dramatiza os processos utilizados pelos serviços secretos na caça a Bin Laden, tem sido alvo de críticas dentro do Governo americano, com alguns senadores que reclamam que este perpetua “o mito de que a tortura é eficaz”, cita a BBC. Quando o filme estreou nos Estados Unidos, algumas pessoas manifestaram-se, vestindo fatos cor de laranja semelhantes aos usados pelos prisioneiros de Guantánamo.

“Faz parte da história. Omitir [as cenas de tortura] teria branqueado a história”, disse a realizadora à BBC. No artigo do LA Times, Bigelow escreve que considera que, mais do que ao uso de prática violentas, a captura de Bin Laden se deveu ao esforço dos agentes secretos, embora a tortura tenha sido uma realidade presente nos primeiros anos das buscas e que, por isso, “não a podemos ignorar”.

A realizadora de 61 anos que, com o filme, procurou “ter uma visão de uma longa e escura década” que começou com os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, garante que “não mudaria o filme de modo nenhum”, disse à BBC.

00h30: A Hora Negra estreia esta quinta-feira nas salas de cinema portuguesas.

Notícia corrigida às 14h10 onde se lia "11 de Setembro de 2011", lê-se agora "11 de Setembro de 2001"
 
 
 

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