Némesis será o último livro de Philip Roth, diz o autor

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O escritor Philip Roth fotografado em Nova Iorque em 2010 REUTERS/Eric Thayer/Files

A Salon leu a entrevista, que está disponível online em francês, e ligou para a editora de Roth nos Estados Unidos, a Houghton Mifflin, para confirmar. A editora contactou o autor, sexta-feira de manhã, que confirmou, revela a Salon online.

Quando na entrevista a jornalista da Les Inrockuptibles lhe perguntou se ainda sentia desejo de escrever, Roth respondeu que não, Acrescentou que não tem intenção de o fazer durante os próximos dez anos. “Para ser franco, acabei. Némesis será o meu último livro. Olhe o exemplo de E. M. Forster, que deixou de escrever ficção quando tinha 40 anos. E eu que encadeava livro atrás de livro, não escrevi nada nos últimos três anos”, afirmou, explicando que preferiu organizar os seus arquivos para os entregar ao seu biógrafo.

“Dei-lhe milhares de páginas que são como memórias, não literárias, mas que não podem ser publicadas como estão. Não quero escrever as minhas memórias mas quis que o meu biógrafo tivesse material para o seu livro antes da minha morte. Se eu morrer sem lhe deixar nada, por onde é que ele começaria?”, acrescentou o escritor, de 78 anos. Deu todo este material ao biógrafo Blake Bailey porque considera que ele escreveu uma excelente biografia sobre John Cheever. Quer que depois da sua morte haja pelo menos uma biografia sobre a sua obra e a sua vida que seja exacta.

Já pediu aos executores testamentários – o agente literário Andrew Wylie e uma sua amiga psicanalista – que depois da sua morte os arquivos, quando Blake Bailey já não precisasse deles, fossem destruídos. “Não quero que os meus papéis pessoais andem por aí. Ninguém tem de os ler. Todos os meus manuscritos já foram entregues à Biblioteca do Congresso, desde os anos 1970”, disse ainda à revista francesa.

Durante a conversa, a jornalista insistiu e quis ter a certeza de que percebeu bem que não haverá novo romance de Philip Roth: “Não acredito que um livro a mais ou a menos mudará o que quer que seja que eu já tenha feito. E se eu escrever um novo livro, ele provavelmente será um livro falhado. Quem é que precisa de ler mais um livro medíocre?”

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