Em dez anos, número de afogamentos de crianças e jovens não diminuiu

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Os afogamentos com crianças mais novas acontecem mais em ambientes construídos e com mais velhas em naturais Foto: Paulo Pimenta

Nos últimos seis anos, para os quais existem dados disponíveis, o número de mortes por afogamento não tem diminuído. Desde 2005, altura em se verificou um decréscimo no número de casos fatais, que o número de mortes por ano tem-se mantido relativamente estável – a média de mortes/ano entre 2002 e 2004 foi de 27, enquanto que a média de mortes/ano entre 2005 e 2011 é de 16,5.

Para além das mortes verificadas nos últimos três anos, entre 2009 e 2011, 92 crianças e jovens foram internados na sequência de um afogamento, sendo que 37% foram crianças dos 0 aos 4 anos, 27% entre os 15 e 18 anos, 19% entre os 10 e os 14 anos e 17% entre os 5 e os 9 anos. Nos últimos dois anos, por cada criança que morreu duas a três foram internadas. Isto significa que, em média, em 2009 e 2010, 48 a 49 crianças e jovens por ano foram vítimas de afogamento.

Mais rapazes do que raparigas

A APSI olhou também para os afogamentos publicados na imprensa, de maneira a identificar os padrões de ocorrência deste tipo de acidente. Em 2011, a associação recolheu e analisou 17 novos casos de afogamento em crianças e jovens até aos 18 anos, 9 dos quais fatais.

Dos 107 casos de afogamentos de crianças e jovens até aos 18 anos, publicados na imprensa nacional entre 2005 e 2010 e analisados pela APSI, e no que diz respeito ao sexo das crianças e jovens, 70% dos afogamentos ocorreram com rapazes (75) e 25% (27) com raparigas. Em cinco desconhece-se o sexo da criança. Quanto à idade, 34% (36) das crianças tinham entre os 0 e os 4 anos, 23% (25) entre os 5 e os 9 anos, 22% (23) entre os 10 e os 14 anos e 13% (14) entre os 15 e os 18 anos. Em 8% (9) desconhece-se a idade das crianças.

No que se refere ao ambiente aquático onde ocorreu o afogamento, verifica-se que 47% (50) dos afogamentos ocorreram em planos de água construídos (tanques, poços, piscinas) e 47% (50) em planos de água naturais (praias, rios/ribeiras/lagoas), isto é, de forma proporcional em ambos os ambientes. Existem ainda sete casos de afogamentos que ocorreram noutros locais, como por exemplo, fonte, mina, vala, caixa de esgoto, tina de água, balde e bidão de água. Uma análise mais detalhada por tipo de plano de água, considerando a idade das crianças e jovens, permite verificar que os afogamentos com crianças mais novas tendem a acontecer mais em ambientes construídos e com crianças mais velhas em ambientes naturais.