Os neutrinos afinal respeitam o limite de velocidade cósmico

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Os detectores de neutrinos no laboratório de Gran Sasso LNGS

O anúncio foi feito ontem, em Quioto, no Japão, durante o 25º Congresso de Física dos Neutrinos e de Astrofísica por Sergio Bertolucci, director científico do CERN. Bertolucci apresentou as conclusões de quatro experiências situadas em Gran Sasso e baptizadas Borexino, Icarus, LVD e Opera.

Todas elas, disse este responsável, confirmam que as medições inicialmente realizadas pela equipa da experiência Opera afinal estavam erradas e deveram-se mesmo à falha de um componente de sincronização no sistema de fibra óptica daquela experiência.

Em Setembro passado, a equipa da experiência Opera – um projecto que decorre no laboratório subterrâneo de Gran Sasso do Instituto de Física Nacional Nuclear italiano e utiliza um feixe de neutrinos emitido pelo CERN, a 730 quilómetros de distância – tinha posto a comunidade mundial dos físicos em polvorosa ao revelar a possível existência de neutrinos mais rápidos do que a luz. Outros testes, efectuados pela mesma equipa, tiveram resultados que pareciam confirmar o primeiro.

Mas em Fevereiro deste ano, surgiu a hipótese de tudo não passar de um erro de medição, devido a uma ligação deficiente entre um GPS e um computador, que gerou um desfasamento temporal de 60 nanosegundos. Ora justamente, os neutrinos que pareciam atravessar o solo de Genebra a Gran Sasso mais depressa que a luz faziam-no em menos 60 nanosegundos do que estipula a teoria de Einstein. Esta reviravolta levara, aliás, à demissão do coordenador da experiência Opera em Março.

“Embora [os últimos] resultados não sejam tão excitantes como alguns teriam desejado, era no fundo aquilo que todos esperávamos", disse agora Bertolucci, citado por um comunicado do CERN. "Esta história cativou a imaginação do público e deu às pessoas a oportunidade de ver o método científico em acção. Um resultado inesperado foi escrutinado, investigado com grande rigor e resolvido em parte graças à colaboração entre experiências normalmente concorrentes. É desta maneira que a ciência avança.”

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