Igreja diz que o debate sobre a maternidade de substituição serve para “desviar atenções”
“Aqui não é um problema de Igreja que está em questão, não é um problema religioso que está em questão, é um problema ético. Em termos éticos tem muitas consequências negativas, sobretudo para a relação em família”, defendeu o padre Vítor Feytor Pinto, em declarações à Lusa.
Segundo Vítor Feytor Pinto nesta altura a sociedade portuguesa tem problemas tão graves para enfrentar, devido à crise económica, que debater este assunto “é perda de tempo, sobretudo é diversão, é desviar as atenções”.
“Quando estiver tudo calmo, quando tivermos possibilidade de estar a reflectir sobre esses problemas com serenidade, sem as pressões que hoje a austeridade nos traz vale a pena estudar isso”, defendeu.
Sobre a procriação medicamente assistida, o coordenador da Pastoral da Saúde lembrou que a “posição da igreja é absolutamente conhecida”.
“Com a procriação medicamente assistida há situações em que se pode admitir - nomeadamente quando há um benefício muito forte para a família - benefício grande para o conjunto de crianças que integram essa família”, sublinhou.
Relativamente à maternidade de substituição, vulgarmente conhecida como “barrigas de aluguer”, Vítor Feytor Pinto entende que “não se pode querer a vida a todo o custo”.
“Não é só o problema de gerar um filho, o problema é bastante mais grave, porque é todo um processo posterior depois do nascimento”, disse o padre, deixando um pedido: “Não vamos inventar coisas muito complicadas”.
Para o coordenador da Pastoral da Saúde a solução para o problema dos casais que não podem ter filhos deveria centrar-se na adopção de crianças.
“Tenho imensa pena de não se facilitar muito mais e de não se accionar rapidamente todos os processos de adopção. Há imensas famílias que conheço que gostariam muito de ter filhos adoptivos”, disse.
A maternidade de substituição e o recurso às técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA) são hoje votadas no Parlamento, através de iniciativas parlamentares do PSD, PS e BE.