Rei de Espanha convoca partidos para consultas a 24 e 25 de Outubro

Felipe VI quer fazer uma última tentativa de constituir Governo antes de terminar o prazo constitucional e ser obrigado a convocar eleições.

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O rei Felipe VI com Mariano Rajoy, em Julho ANGEL DIAZ/AFP

O rei de Espanha vai abrir uma nova ronda de consultas aos partidos a 24 e 25 de Outubro, com vista à possibilidade de formar Governo, depois de ter caído a direcção do PSOE. Embora os socialistas ainda não tenham expresso publicamente a decisão de deixar passar um executivo liderado pelo Partido Popular (PP), há a expectativa de que o bloqueio político possa ser desfeito.

Se o rei considerar que há condições para encarregar algum político de formar Governo, é provável que a data do primeiro debate de investidura no Parlamento seja a 27 de Outubro. O segundo, em que bastaria uma maioria simples para passar, poderia realizar-se a 29 ou 30 de Outubro – mesmo antes do fim do prazo-limite inscrito na Constituição para formar Governo, após as eleições de Junho.

Se tudo falhar, Felipe VI ver-se-á obrigado a convocar as terceiras eleições desde 20 de Dezembro de 2015. Espanha vive sem um Governo com plenas funções desde então. 

As sondagens dizem que o PSOE seria fortemente penalizado em novas eleições, porque os eleitores não entendem porque é que os partidos não se entendem. Os 85 deputados obtidos nas eleições de 26 de Junho e que agora permitiram inviabilizar a tomada de posse de Mariano Rajoy, o líder do PP poderiam ver-se bastante reduzidos numas novas eleições em Dezembro.  

A decisão sobre o rumo a tomar pelo PSOE, no entanto, só será tomada numa reunião do comité federal, que se deverá realizar a 23 de Outubro, diz o El País. " A política exige o convívio com o desapontamento. O PSOE tem a obrigação de reflectir, num momento tão dramático para o país e para o próprio partido", afirmou o presidente da comissão gestora do partido, Javier Fernández, empossado depois da demissão de Pedro Sánchez, no início do mês, após uma agitada reunião do comité federal, no culminar das divisões que abalam o PSOE.

Fernández é um defensor da abstenção para deixar passar uma solução governativa, como um mal menor. "Nada me teria dado mais gosto do que ver o PSOE ganhar as eleições, ou que tivesse encontrado um aliado fiável, mas não foi o que aconteceu", disse em entrevista à Telecinco, esta terça-feira. "O drama é que as eleições passam pelo PSOE e nenhuma tem sido boa."

Mas não cabe a Javier Fernández decidir, e sim ao comité federal. E aí haverá vozes discordantes. O Partido Socialista da Catalunha tem mantido a oposição a deixar passar um Governo liderado por Mariano Rajoy, por exemplo. 

Também não se espere um corte radical com a anterior liderança. Antonio Hernando, o porta-voz parlamentar com Pedro Sánchez e defensor máximo da sua posição de "não é não" ao Governo lidero por Rajoy, foi reconfirmado no cargo e elevado a líder do grupo do PSOE no Congresso por Fernández.

Em Abril, o rei fez uma consulta aos partidos como esta, e considerou que não havia nenhuma solução governativa viável. Acabou por convocar as eleições de Junho, ganhas pelo PP, mas que o PSOE, liderado por Pedro Sánchez, se recusou a viabilizar com a sua abstenção.

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