Donald Trump pode subir a parada com vitória na Florida

Campanha do candidato milionário pode beneficiar da regra winner-takes-all para obter vantagem decisiva na corrida republicana esta terça-feira.

Foto
Donald Trump num comício em Boca Raton, Florida, no domingo à noite AFP/RHONA WISE

A corrida eleitoral para a nomeação republicana à Casa Branca entra esta terça-feira numa nova fase, com as eleições primárias da Florida e Ohio a premiarem o concorrente com mais votos com a totalidade dos delegados que cada estado enviará à convenção do partido: com apenas uma vitória, o magnata do sector imobiliário, Donald Trump, deixará os seus adversários sem possibilidades matemáticas de chegar ao número mágico de 1237 que dá o direito a ter o nome no boletim de voto em Novembro.

Se Trump vencer na Florida, onde lidera com 43% das intenções de voto, a sua nomeação só não se torna automática por causa das resistências do partido à sua campanha “insurrecta” e desalinhada com o “establishment” republicano – qualquer outro candidato com os mesmos números do milionário, em votos e delegados, seria automaticamente coroado. Mesmo assim, uma vitória na Florida terá consequências profundas no futuro da corrida: se Marco Rubio for incapaz de se impor a Trump no estado que representa no Senado, e coleccionar os seus 99 delegados, deixará de ter argumentos para justificar o prolongamento da sua candidatura.

No Ohio, outro estado rico em delegados, com 66, é o governador John Kasich que está na dianteira na véspera da votação: a sondagem Wall Street Journal/NBC News/Marist dá-lhe 39%, contra 35% de Trump. Só que a eventual vitória do candidato mais moderado do campo republicano não o torna um concorrente credível e capaz de desestabilizar a marcha do milionário para a nomeação: os resultados da Super-Terça-feira e do Super-Sábado consolidaram a posição do senador do Texas Ted Cruz como o único (potencial) rival de Trump.

Os eleitores republicanos vão ainda a votos noutros três estados, onde o processo de distribuição de delegados é diferente. Na Carolina do Norte e no Illinois, os delegados são alocados proporcionalmente (72 e 54, respectivamente, com um bónus de 15 para o vencedor); no caso do Missouri, é preciso ultrapassar a fasquia dos 50% dos votos para se aplicar a regra winner-takes-all e coleccionar os 52 delegados em jogo. O milionário está bem lançado para uma vitória em três frentes. Lidera as sondagens na Carolina do Norte (32%), no Illinois (34%), e no Missouri (36%).

A confirmarem-se estes resultados, a campanha de Trump prova a sua invulgar capacidade de resistência perante todas as críticas, acusações e vicissitudes: nos últimos dias, os seus apoiantes estiveram envolvidos em cenas de pugilato, obrigando o candidato a cancelar comícios e a redefinir a sua agenda e itinerário. Fiel ao seu estilo “contra tudo e contra todos”, Donald Trump recusou qualquer responsabilidade nos incidentes que se repetem nas suas acções de campanha.

Entretanto, no lado democrata, o favoritismo da ex-secretária de Estado Hillary Clinton é confirmado pelos números do Wall Street Journal/NBC News/Marist. Na Florida, tem uma larga vantagem de 27 pontos sobre o seu adversário Bernie Sanders; no Ohio, lidera por mais de 20 pontos, e no Illinois, o estado mais competitivo para o veterano senador do Vermont, está seis pontos à frente.

Ao contrário dos republicanos, o Partido Democrata não usa o sistema winner-takes-all: Clinton e Sanders dividirão entre si os delegados dos três estados, na proporção dos votos alcançados. E tendo em conta a conquista recente do Michigan por Bernie Sanders, que contrariando as previsões das sondagens ultrapassou um défice de 20 pontos e bateu Hillary graças à participação dos eleitores mais jovens e independentes, não é de descartar que o auto-proclamado socialista do Vermont consiga prolongar o duelo com uma nova reviravolta eleitoral.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários