Depois de 36 anos no corredor da morte, Brandon Jones foi executado
Críticas à aplicação tardia da pena de morte e recursos de última hora nos tribunais não impediram a execução da pena no estado norte-americano da Geórgia.
O estado norte-americano da Geórgia executou nesta quarta-feira o mais antigo prisioneiro no corredor da morte, apesar dos apelos feitos por grupos de apoiantes de Brandon Jones que denunciaram a injustiça da aplicação tão tardia da sentença — fora condenado há 36 anos.
Jones morreu por injecção letal na prisão de Jackson, na Geórgia, duas semanas antes de fazer 73 anos. Em 1979, Jones e Van Solomon assaltavam um posto de gasolina quando foram surpreendidos pelo gerente que estava a fazer as contas do dia e foi baleado. Jones disse no julgamento que não foi ele quem disparou.
Os advogados de Brandon Jones tinham feito, na terça-feira, uma última tentativa para suspender a execução, apresentando recursos junto da Justiça da Geórgia e no Supremo Tribunal federal, em Washington. Ambos foram rejeitados.
Num parecer do ano passado, um juiz do Supremo, Stephen Breyer, considerado um progressista, pronunciara-se contra a aplicação tão tardia da pena de morte, considerando que "desafia a razão e mina a base punitiva da pena de morte". Muitos dos apoiantes de Jones disseram que, depois de 36 anos de cadeia, esta execução foi uma "dupla punição".
Especialistas dizem também que muitos detidos no corredor da morte foram condenados numa altura em que não poderiam ter acesso a um sistema de defesa adequado e que se fossem condenados hoje pelos mesmos factos iriam escapar à punição capital.
Van Solomon foi executado na cadeira eléctrica em 1985 e o processo contra Brandon Jones foi anulado. Mas voltou a ser julgado e condenado à morte, com os jurados a consultarem a Bíblia durante as deliberações.
Durante os anos que passou na prisão, Jones, que era negro (tal como Van Solomon; o gerente assassinado era branco), celebrizou-se ao escrever textos sobre a sua vida na prisão e sobre a forma como os negros são tratados pelo sistema judicial americano. Um total de 75 pessoas estão no corredor da morte na Geórgia; desde 1 de Janeiro, já foram executadas nos EUA cinco pessoas.
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