Páscoa
Romarias de Abril
Há anos que Alfredo Cunha assiste às festas da Páscoa no Alto Minho. O tempo parece não passar pela procissão.
Todos os anos é assim, diz Alfredo Cunha. Chega a segunda-feira de Páscoa, a “apascoada”, e o Rio Homem agita-se com a procissão. Além disso, há também, desde quarta-feira, os foguetes que assustam os cães. E as bandas a desfilar na rua. E as visitas a casa deste e daquele, porta sempre aberta para um copo de vinho, folar, amêndoas, cabrito assado. Por estes dias, quem anda pelo Alto Minho dificilmente consegue fugir à festa. Cada aldeia rebenta numa celebração devota.
O fotógrafo (que já trabalhou para o PÚBLICO) instalou-se em Vila Verde em 1997. Os limites do seu terreno fazem vizinhança com as águas do Rio Homem. Antigamente, não havia pontes para unir as várias pontas da freguesia. Por isso a procissão — por onde andou como “mordomo da cruz” o músico António Variações, um homem da terra, conta Alfredo Cunha — faz-se por barco.
Em Braga, a semana santa tem direito a site oficial na Internet (semanasantabraga.com). A procissão Ecce Homo (“que evoca o julgamento de Jesus, ao mesmo tempo que celebra a misericórdia por Ele ensinada”, lê-se) faz-se com um cortejo de “farricocos”, penitentes anacrónicos de cordas à cintura e capuzes pretos.
Com mais ou menos devoção e fervor, “a Páscoa é a grande festa do Minho”, como diz Alfredo Cunha. “‘Abril, romarias mil’. Acaba a crise, acaba a pobreza. Come-se, bebe-se…”. Bom proveito.