Palestina

As crianças da guerra dos 50 dias

As crianças, israelitas ou palestinianas, reflectem sobre as suas experiências de guerra. Algumas delas perderam quem mais amavam. Outras, as suas casas. Todas perderam a inocência.

“Estava em casa quando os sionistas a invadiram e a demoliram mesmo sobre as nossas cabeças. Fugimos dos bombardeamentos. Fugimos para a rua. Eles dispararam sobre crianças, mulheres, velhos. Só queríamos viver, só isso e nada mais. Queríamos viver como o resto das crianças” Salama Shamali, 7 anos (Shejayya, Faixa de Gaza)
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“Estava em casa quando os sionistas a invadiram e a demoliram mesmo sobre as nossas cabeças. Fugimos dos bombardeamentos. Fugimos para a rua. Eles dispararam sobre crianças, mulheres, velhos. Só queríamos viver, só isso e nada mais. Queríamos viver como o resto das crianças” Salama Shamali, 7 anos (Shejayya, Faixa de Gaza)

Para as crianças, não há melhor do que o Verão, quando podem andar a brincar no exterior e descobrir a aventura. Mas este Verão, no Médio Oriente, a violência atingiu o seu ponto de ebulição com as operações militares israelitas contra o movimento radical Hamas, na Faixa de Gaza. Centenas de crianças foram mortas, na sua maioria palestinanas. Dos dois lados do conflito, muitas mais ficaram feridas e a cicatriz emocional é profunda. Muitas crianças sofrem de ansiedade, insónias, pesadelos, perda de apetite e situações ainda mais graves, sendo que o preço a pagar vai prolongar-se no tempo muito além daqueles 50 dias em que duraram os confrontos.

“É frequente que crianças que assistiram a tal violência e a viram como ‘normal’ venham a reproduzi-la na sua vida futura”, declarou o director executivo da Unicef, Anthony Lake.

As crianças, sejam elas israelitas ou palestinianas, reflectem sobre as suas experiências usando termos como “medo” e “perda”. Algumas delas perderam quem mais amavam. Outras, as suas casas. Todas perderam a inocência.

Seguem-se oito depoimentos de crianças que vivem em Israel e na Faixa de Gaza.

 

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post     

“O que vi em Shejayya nunca mais me sairá da cabeça. Estava descalço quando tive de fugir de casa. Pisei vidros e um corpo de uma criança de seis anos. Escorreguei por causa do sangue, fiquei com sangue por toda a cara e na minha boca. Adoeci imediatamente. Foi muito difícil”
Malake Saad, 11 anos 
(Shejayya, Faixa de Gaza)
“O que vi em Shejayya nunca mais me sairá da cabeça. Estava descalço quando tive de fugir de casa. Pisei vidros e um corpo de uma criança de seis anos. Escorreguei por causa do sangue, fiquei com sangue por toda a cara e na minha boca. Adoeci imediatamente. Foi muito difícil” Malake Saad, 11 anos (Shejayya, Faixa de Gaza)
“Estava assustado. Via televisão. Gosto do Canal Disney. Vivia terrivelmente assustado sempre que um morteiro caía em cima de alguma casa no meu bairro e deixei de sair à rua. Estava muito assustado. Não me parece que alguma vez venha a haver sossego enquanto eles não tiverem o que querem. O objectivo deles é conseguirem toda a área que nós ocupamos”
Jonathan Matitiyahu, 
10 anos 
(Sderot, Israel)
“Estava assustado. Via televisão. Gosto do Canal Disney. Vivia terrivelmente assustado sempre que um morteiro caía em cima de alguma casa no meu bairro e deixei de sair à rua. Estava muito assustado. Não me parece que alguma vez venha a haver sossego enquanto eles não tiverem o que querem. O objectivo deles é conseguirem toda a área que nós ocupamos” Jonathan Matitiyahu, 10 anos (Sderot, Israel)
“Estive grande parte do Verão em casa, mas ainda fui com a minha família a Eilat [estância balnear israelita]. Enquanto estava em casa, brincava com os meus amigos, mas já não saíamos como dantes. Brincávamos dentro de casa. Um míssil Qassam caiu perto de minha casa e fiquei muito assustado. Estava com o meu irmão mais pequeno e ele chorou, por isso dei-lhe um abraço. As coisas estão muito melhor agora que tudo acabou e já podemos sair”
Omri Domur, 
12 anos 
(Sderot, Israel)
“Estive grande parte do Verão em casa, mas ainda fui com a minha família a Eilat [estância balnear israelita]. Enquanto estava em casa, brincava com os meus amigos, mas já não saíamos como dantes. Brincávamos dentro de casa. Um míssil Qassam caiu perto de minha casa e fiquei muito assustado. Estava com o meu irmão mais pequeno e ele chorou, por isso dei-lhe um abraço. As coisas estão muito melhor agora que tudo acabou e já podemos sair” Omri Domur, 12 anos (Sderot, Israel)
“Tínhamos um belíssimo jardim que foi totalmente destruído. Juro que era mesmo lindo. O Exército israelita chamou-nos tantas e tantas vezes para que abandonássemos a casa. Recusámo--nos, mas tivemos mesmo de sair e eles finalmente destruíram-na completamente. Fomos colocados numa escola da ONU, mas era má. Não tinhamos água para beber”
Hafez Abbas, 
9 anos 
(Beit Hanun, 
Faixa de Gaza)
“Tínhamos um belíssimo jardim que foi totalmente destruído. Juro que era mesmo lindo. O Exército israelita chamou-nos tantas e tantas vezes para que abandonássemos a casa. Recusámo--nos, mas tivemos mesmo de sair e eles finalmente destruíram-na completamente. Fomos colocados numa escola da ONU, mas era má. Não tinhamos água para beber” Hafez Abbas, 9 anos (Beit Hanun, Faixa de Gaza)
“Estava em casa quando os sionistas a invadiram e a demoliram mesmo sobre as nossas cabeças. Fugimos dos bombardeamentos. Fugimos para a rua. Eles dispararam sobre crianças, mulheres, velhos. Só queríamos viver, só isso e nada mais. Queríamos viver como o resto das crianças”
Salama Shamali, 7 anos 
(Shejayya, Faixa de Gaza)
“Estava em casa quando os sionistas a invadiram e a demoliram mesmo sobre as nossas cabeças. Fugimos dos bombardeamentos. Fugimos para a rua. Eles dispararam sobre crianças, mulheres, velhos. Só queríamos viver, só isso e nada mais. Queríamos viver como o resto das crianças” Salama Shamali, 7 anos (Shejayya, Faixa de Gaza)