Turismo
Açores e bicicletas bonitas: é preciso mais?
Bruno Sousa sempre convidou amigos a irem de férias com ele para os Açores e para a ilha onde nasceu, São Miguel. No Verão de 2012, lá estava com um grupo que, como ele, já andava de fixies - bicicletas com apenas uma velocidade em que o carreto traseiro é fixo - pela cidade de Lisboa. E foi nos Açores que alguém atirou: “devíamos ter trazido as bicicletas.” A ideia ficou plantada na cabeça de Bruno Sousa, 38 anos, que há 20 partiu para Lisboa para estudar Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico (mas acabou a fazer Pintura na Faculdade de Belas Artes).
Organizou a 1ª. Edição dos Azores Fixed um ano depois, em 2013. “Um nome pomposo”, ri-se Bruno, mas o espírito, assegura, é descontraído: um grupo de amigos (quase uma família), que vai pedalar pelos Açores mas em modo férias. “Não é exclusivamente ciclismo, os sítios onde chegamos são os mais bonitos”, conta ao PÚBLICO. A recompensa para o esforço das subidas (ou das descidas) pode ser uma paisagem de cortar a respiração ou um mergulho no mar. A par do esforço físico em cima da bicicleta está a descoberta do património natural da ilha, que Bruno conhece bem, e o registo desses momentos em fotografia e em mini-documentários que querem contribuir para a cultura das fixed gear.
“Detesto bicicletas feias e adoro bicicletas bonitas”, diz Bruno. Nas fixies, tudo é costumizado: selim, guiador, rodas. Até a roupa: nas últimas duas edições os equipamentos foram desenhados por membros do grupo, com direito a logótipo e imagem própria. O deste ano foi desenhado por Manuel Lino, que é também o fotógrafo de serviço.
E são sempre viagens que, explica Bruno, incluem amigos “não” ciclistas. Ou, como acontece este ano, por membros do grupo que não podem subir para a bicicleta: Catarina (porque está grávida) e Manuel (que se lesionou) - desta vez seguem no carro de apoio.
A logística de levar as bicicletas a atravessar o Atlântico também já está controlada. E tem ritual: desmontar, encaixotar, montar. Já viajaram com as bicicletas como bagagem de porão, mas este ano utilizaram o serviço de carga da SATA e as bicicletas fizeram a viagem num voo à parte. A companhia aérea não cobra pelo transporte da bicicleta, e ainda oferece mais 10kg de carga extra por passageiro.
Cabe a Bruno planear os percursos. Em média, pedalam 60 km por dia. Andar numa fixie não condiciona o roteiro: “É sempre a andar”, assegura, “e quanto mais inclinado melhor”. Bruno gosta das subidas difíceis (e não usa o travão nas descidas). Um dos grandes desafios é a montanha da Serra de Água de Pau, na Lagoa do Fogo. Esta sexta-feira vão viajar de Santa Maria para São Miguel e cumprir essa etapa.
Bruno já pensou em fazer crescer o Azores Fixed, mas não quer perder o lado “um pouco punk” da aventura: não têm hora certa para arrancar todas as manhãs, se quiserem parar para um mergulho ou umas bebidas param, se quiserem alterar o percurso alteram. Este ano o grupo de ciclistas fixie é composto por 7 elementos, 5 rapazes e duas raparigas. Bruno gosta de ter “moças ciclistas” no grupo, e elas não ficam para trás, garante.