Grupo Lena: problemas de financiamento abrem caminho à venda de órgãos de comunicação
Segundo a Lusa apurou junto de fontes da empresa, a dívida do grupo de Leiria que detém o jornal “i” ronda os 600 milhões de euros, sendo que para fazer face aos investimentos com que se comprometeu terá necessidades de financiamento de 140 milhões até ao final de 2011, 46 milhões dos quais já este ano.
Embora escusando-se a confirmar estes números, o presidente executivo do Grupo Lena, António Barroca, confirmou à Lusa que a hipótese de se desfazer do jornal i e dos órgãos regionais que detém “tem a ver com a exposição do grupo aos negócios da construção e do ambiente, que exigem recursos muito avultados”. E António Barroca foi claro: “Temos de fazer opções na vida e é isso que estamos a fazer”.
A questão das opções para o grupo voltou a colocar-se no último mês, em virtude da contratação da consultora internacional Roland Berger para estudar a melhor forma de ultrapassar as dificuldades actuais. E, segundo fontes da empresa, os consultores produziram um diagnóstico simples: o Grupo Lena deveria libertar-se dos negócios “não core” e concentrar-se nas suas áreas de actuação principais: construção, ambiente (incluindo energias renováveis) e concessões.
Dentro das áreas com activos considerados alienáveis encontra-se o negócio dos automóveis: o Grupo Lena representa as marcas Peugeot, Opel, Alfa Romeo, Isuzu, Lancia, Ford e Kia, com concessionários por todo país e em Angola e com o exclusivo da Região Centro. Também alienáveis foram considerados os activos hoteleiros, nomeadamente a cadeia EuroSol e o hotel das Termas de Monte Real, e o grupo de comunicação social: que junta - para além do jornal “i” - as rádios NOAR (Viseu) e Antena Livre (Abrantes), os jornais “Imagens & Letras” e “Negócios & Notícias”, os regionais “As Beiras”, “Grande Porto”, “Jornal da Bairrada”, “Jornal de Abrantes”, “Jornal do Centro”, “O Algarve”, “O Aveiro”, “O Eco”, “O Ribatejo” e “Região de Leiria” e a TV Ribatejo.
Segundo António Barroca declarou à Lusa, o trabalho da Roland Berger ainda “não está concluído”, mas isso não impediu - ao que a Lusa apurou - que os consultores tivessem já acompanhado os principais administradores do grupo num “road show” por bancos portugueses realizado na semana passada. Nessas visitas o grupo apresentou o seu plano para sustentar as necessidades de financiamento em 2010 e 2011.
Ora, foi na sequência das visitas aos bancos que o Grupo Lena anunciou na terça-feira que está a “repensar” a estratégia na área da comunicação social, podendo reforçar os negócios ou sair deste mercado.
“O Grupo Lena está a repensar a sua estratégia na área da comunicação social, admitindo fazer crescer a sua subholding Lena Comunicação através da aquisição de novos projectos e constituição de parcerias ou vir a sair do sector da comunicação social, alienando este activo que tem a maior rede de jornais regionais do país e o diário nacional ‘i’”, lê-se no documento.