O cor-de-rosa vai desaparecer do Palácio de Queluz
A nova fase de trabalhos pretende concluir intervenções iniciadas em 2015 e repor a cor azul a todo o edifício.
O azul está mesmo de regresso ao Palácio Nacional de Queluz. Depois de ter sido descoberto que a cor original do edifício era o azul e de, em Agosto de 2015, se ter avançado com a pintura das fachadas sobre os jardins superiores, eis que se iniciou agora a nova fase de intervenção nas fachadas viradas para o exterior, entre o Pavilhão D. Maria e o antigo Jardim dos Embrechados, pátios interiores e muros.
Segundo a Parques de Sintra, responsável pela gestão de vários monumentos do concelho, o programa de projectos de recuperação dos Jardins e Palácio Nacional de Queluz representa um custo de cerca de 660 mil euros.
Depois de concluídas as intervenções, iniciadas no final do mês de Maio, o Palácio de Queluz irá ficar azul na sua totalidade, devolvendo a sua cor original às paredes do edifício, descritas e representadas no século XIX com esta cor. Até ao início das intervenções, o palácio apresentava várias cores que variavam entre o rosa, laranja e amarelo nos rebocos, verde e azul, nas caixilharias.
Num comunicado enviado pela Parques de Sintra, a empresa explica que os trabalhos nas fachadas incidem em novos rebocos de cal e areia, na aplicação de caiação tradicional, na reposição das molduras em argamassa a imitar pedra, na limpeza da cantaria, no refechamento de juntas e no preenchimento de lacunas das pedras.
Apesar da sua reduzida dimensão, o palácio construído no século XVIII é apelidado de "Versalhes portuguesa". Património estatal desde 1908, ano em que foi doado por D. Manuel II, o Palácio Nacional de Queluz tornou-se monumento nacional em 1910. A 5 de Outubro de 1934, um incêndio destruiu parcialmente o edifício e os jardins, altura em que o cor-de-rosa terá sido adaptado para o reboco das fachadas.
O debate sobre a cor original foi despoletado pela descoberta de dois vestígios de azul atrás de bustos, em fachadas distintas do Palácio Nacional de Queluz, durante uma acção de manutenção nos anos 80/90 do século XX.
As análises realizadas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e, mais recentemente, já no âmbito do projecto da Parques de Sintra, pelo Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, confirmaram tratar-se de reboco tradicional de cal e areia e pigmento azul claro acinzentado.
Segundo a empresa Parques de Sintra, o investimento na restauração, recuperação e património é assegurado pelas receitas de bilheteiras, lojas, cafetarias e aluguer de espaços para eventos.