Palacete Pinto Leite vendido para ser ex-libris cultural do Porto

Edifício foi comprado por 1,643 milhões de euros, pelos empresários António Oliveira e Moutinho Cardoso.

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O palacete funcionou como Conservatório de Música do Porto até 2008 Adriano Miranda

O Palacete Pinto Leite, no Porto, foi vendido, na manhã desta terça-feira, por 1,643 milhões de euros, depois de uma curta disputa de licitações que não durou mais de 10 minutos. A vencedora foi a Títulos e Narrativas Unipessoal, Ld.ª, uma empresa constituída na semana passada e que está registada no nome do empresário e autarca António José Rodrigues Moutinho Cardoso. Mas na sala onde decorreu a hasta pública estava também o empresário António Oliveira, o outro nome por trás da empresa que quer transformar o edifício num ex-libris cultural da cidade.

A base de licitação era de 1,550 milhões de euros, e durante dez minutos gerou-se a dúvida sobre quem venceria a batalha pela aquisição do edifício – a Títulos e Narrativas ou a Young Winds from Funchal, SA, que licitou por três vezes, depois da representante da empresa de Moutinho Cardoso ter aberto a sessão. A Títulos e Narrativas acabou por sair vencedora, depois de António Oliveira, sentado junto à licitadora, ir dando algumas indicações.

No final do processo, o empresário e coleccionador de arte recusou-se a confirmar qualquer ligação à compra do edifício camarário, mas Moutinho Cardoso, que também colecciona obras de arte, acabaria por fazê-lo. “Estamos a falar de duas pessoas que amam profundamente o Porto e querem desenvolver um projecto muito digno para um espaço que merece um projecto aberto à cidade e que a projecte em termos de cultura”, disse aos jornalistas.

Moutinho Cardoso, que chegou a estar ligado à empresa de embalagens Colep e é membro da assembleia de freguesia da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, tendo sido eleito pela lista independente de Rui Moreira, garantiu que o projecto para o Palacete Pinto Leite está traçado, mas não adiantou quando é que ele estará pronto a ser mostrado à cidade. “Vamos com calma e respeitando as características do edifício  e do jardim, que é outra das mais-valias do espaço e que queremos recuperar”, disse.

O detentor da Títulos e Narrativas destacou a história do edifício, que chegou a albergar o Conservatório de Música do Porto, e garantiu que, com António Oliveira, irá fazer do espçao “um ex-libris, que passará a fazer parte do roteiro cultural do Porto”.

A Títulos e Narrativas foi constituída no dia 10 de Fevereiro, com um capital de 500 euros, tendo como objecto a “exploração de museus, monumentos, edifícios e outros sítios históricos, incluindo a preservação e a exposição dos objectos, sítios e recursos naturais de interesse histórico, cultural e educacional; a construção de edifícios para venda, a compra, venda e revenda de imóveis, a compra de imóveis para revenda, bem como a promoção imobiliária; e ainda a prestação de serviços de consultoria nas referidas áreas de negócio”.

Há anos que o Palacete Pinto Leite integrava a lista do património municipal que a Câmara do Porto se propunha a alienar. Contudo, o edifício acabou por nunca ser sujeito a hasta pública, sendo esta a primeira vez que foi efectivamente colocado no mercado.

Avaliado, já em 2012, por 2,585 milhões de euros, o espaço classificado como imóvel de interesse patrimonial acabaria por ser posto à venda com um desconto de cerca de um milhão de euros, fruto de uma cláusula que obriga a que o seu uso futuro seja de âmbito cultural e artístico.

Rui Moreira chegou a manifestar o desejo de colocar no Palacete Pinto Leite a colecção de Juan Miró, proveniente do BPN, e houve mesmo um empresário luso-angolano que se disponibilizou a comprá-la, mas o negócio nunca se concretizou e Moutinho Cardoso garante que o projecto que se instalará no edifício “não tem nada a ver” com essa colecção.

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