Nuno Oliveira nomeado director da reserva do Estuário do Douro
Autarca considera que “biólogo não cumpriu as funções”, mas dá-lhe “derradeira oportunidade”.
O ex-director de Departamento de Ambiente da Câmara de Gaia vai ser nomeado director da Reserva Natural Local do Estuário do Douro. Nuno Oliveira, mentor da criação desta reserva, vai ocupar o cargo, mas na proposta que leva à próxima reunião de câmara, o autarca Eduardo Vítor Rodrigues acusa-o de não ter executado praticamente nada daquilo a que estava obrigado durante os anos anteriores em que este espaço protegido esteve sob sua alçada. A nomeação é descrita como “uma derradeira oportunidade de [Nuno oliveira] cumprir com o legalmente estabelecido”.
Nuno Oliveira foi na semana passada exonerado das funções de director do departamento de Ambiente da Câmara de Gaia, oito meses depois de ter assumido o lugar por concurso público. Num despacho recheado de elogios às qualidades técnicas do biólogo, Eduardo Vítor Rodrigues elencava um conjunto de problemas no desempenho do cargo, que, numa palavra, qualificou de “medíocre”. E argumentava que o ambientalista seria melhor aproveitado no Parque Biológico – com funções de direcção do espaço, esclareceu depois ao PÚBLICO – e na liderança da reserva do estuário do Douro, cargo para o qual o pretendia nomear, disse.
A proposta que vai ser apreciada na próxima reunião termina com a nomeação de Nuno Oliveira como Director da RNLED, mas é todo ele um descritivo, minucioso, das falhas na gestão deste espaço que, desde 2009, vem cumprindo uma função de ponto de paragem e abrigo de aves migratórias, atraindo, todos os anos, mais de uma centena de espécies. A reserva estava sob a alçada da antiga empresa municipal Parque Biológico de Gaia, presidida pelo biólogo, a quem são agora dados 30 dias para "consumar a nomeação e entrada em actividade do conselho consultivo" desta área protegida, um dos aspectos em que a sua acção é criticada.
Nuno Oliveira – que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar – é acusado de não ter preparado planos e programas anuais de gestão, de ter sido “displicente” ao não convocar as duas reuniões anuais do conselho consultivo, de não ter feito actas das duas únicas reuniões (2009 e 2010), que foram levadas a cabo e de não ter apresentado relatórios de actividades de vários anos. Entre outras falhas, não terá feito sequer os relatórios científicos sobre a situação deste espaço junto à foz do douro, que teriam de ser entregues ao município e ao Instituto da Conservação da Natureza.Eduardo Vítor Rodrigues afirma que “em face do exposto, é forçoso concluir-se que o director da RNLED não cumpriu as funções que lhe estavam atribuídas (…)”. O socialista acrescenta que devem “extrair-se desse facto as devidas consequências”, mas não as concretiza.