Vai ser possível viajar um mês à borla nos transportes de Lisboa, mesmo que "apertadinhos"

Iniciativa da Área Metropolitana de Lisboa pretende assinalar a semana europeia da mobilidade e destina-se apenas aos novos titulares ou a utentes com passes sem carregamento há mais de 12 meses. Mas, mesmo que a procura aumente, não haverá reforço da oferta de transportes.

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AML não tem previsto um reforço dos serviços de venda de títulos Tiago Machado/Arquivo

A Área Metropolitana de Lisboa vai assinalar o Dia Sem Carros com a oferta de uma mensalidade a quem adquirir um cartão Lisboa Viva no dia 22 de Setembro. A iniciativa, o “Passe a Passe”, destina-se a cativar novos utentes e serve apenas quem não tem passe de transporte público ou aqueles que não o carregam há mais de 12 meses.

“Além de aderirmos às iniciativas que são já tradicionais nestes dias, como a limitação do acesso de viaturas individuais em alguns sítios de algumas cidades ou apelar aos cidadãos que optem pelas chamadas formas de deslocação suaves – como a mobilidade pedonal e de bicicletas -, entendemos que devemos dar um passo mais além”, explica Demétrio Alves, da Comissão Executiva Metropolitana de Lisboa.

O objectivo é atrair novos utentes para o sistema de transportes públicos de Lisboa, englobando toda a área metropolitana e alargando até à zona do Oeste, servida pela empresa Barraqueiro, por exemplo. No entanto, não está previsto um aumento de resposta dos serviços oferecidos, mesmo antecipando uma maior procura de utentes, admite a direcção da Área Metropolitana de Lisboa. Questionado pelo PÚBLICO sobre esta questão, Demétrio Alves considerou que “os passageiros terão sempre o prazer de ter mais companheiros de viagem”, mesmo nas horas de maior congestionamento em que, “enfim, as pessoas estão mais próximas umas das outras”.

“Temos consciência de que o sistema tem grandes limitações. Não queremos esconder isso. Mas não é algo que se resolva de um dia para o outro. Foram muitos anos de desinvestimento, muitos anos de atraso no sistema de transportes”, avalia, sublinhando que este é um sector que “pede exigência, mas também paciência”

Posto isto, se a iniciativa “tiver muita adesão pode trazer problemas”, admite o responsável da AML. Ainda assim, Demétrio Alves acredita que vale a pena “o mérito da mensagem sobrepor-se às eventuais dificuldades que possam existir nesse dia”, referindo-se a uma provável sobrecarga de pedidos de títulos de transporte, que só poderão ser feitos nos habituais postos de venda e não em máquinas de serviço. Para contornar essa dificuldade, o responsável faz um apelo aos operadores de forma a conseguir dar resposta a um possível aumento de pedidos.

Mas está previsto um reforço nos postos de venda? “Não sei se será possível, num caso ou noutro, haver uma optimização [dos serviços de atendimento] no dia 22. Pode ser uma boa ideia avaliar, com os operadores e com os vários postos de venda, se é possível um reforço organizacional”, notou. 

Ao PÚBLICO, o primeiro secretário da Comissão Executiva Metropolitana de Lisboa antecipou eventuais críticas sobre a estratégia de aposta em novos clientes sem que exista um aumento dos serviços disponíveis para garantir o aumento da procura. Demétrio Alves acredita que “todos os passos têm de ser dados ao mesmo tempo”. “Não é possível começar a chamar as pessoas sem ao mesmo tempo começarmos a melhorar o sistema, mas é uma viagem que tem de ser feita gradualmente.” Por isso, em vez de se esperar “durante um ano ou dois” até que “haja dinheiro e meios para renovar todo o sistema”, a Área Metropolitana de Lisboa acredita que está, desta foirma, a “encorajar os operadores, públicos e privados, para que haja mais investimento”.

Ou seja, esta iniciativa pode ser encarada como uma espécie de “incentivo” à utilização de transportes públicos, sublinha. Que vem juntar-se a outros apelos no sentido de uma mobilidade mais sustentável, como é o caso da utilização de meios não motorizados. Uma opção com que Demétrio Alves brinca: “Há um incentivo para que as pessoas recorram aos modos suaves, como andar de bicicleta e a pé. Eu acho que isso não são modos suaves, são modos 'suáveis'”.

Sobre futuros projectos que resolvam as falhas na oferta de transportes públicos, o ex-autarca de Loures notou que “a AML não tem competências e meios financeiros e organizacionais para implementar renovações de frota. Aliás, nem é uma competência nossa”, remetendo a requalificação dos serviços para os operadores.

Aderem a esta campanha a Barraqueiro Transportes (Ribatejana, Boa Viagem, Mafrense e Oeste), Henrique Leonardo da Mota, Isidoro Duarte e JJ. Santo António, Rodoviária de Lisboa, Scotturb, Transportes de Lisboa (o que inclui a Carris, o Metropolitano e a Transtejo), Transportes colectivos do Barreiro, Transportes Sul do Tejo, Vimeca, CP -- Comboios de Portugal, Fertagus e Metro Transportes do Sul.

O título, que só pode ser pedido no dia 22 de Setembro, deverá ser carregado até dia 31 de Outubro.

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