}

Há uma nova escola de Circo a nascer na Maia

O Instituto Nacional de Artes do Circo vai funcionar no Acro Clube da Maia, fruto de uma parceria desta organização com grupo de artistas

Fotogaleria
O INAC vai dar formação em várias áreas das artes circenses Ana Oliveira
Fotogaleria
O INAC vai dar formação em várias áreas das artes circenses Ana Oliveira
Fotogaleria
O INAC vai dar formação em várias áreas das artes circenses Ana Oliveira
Fotogaleria
O INAC vai dar formação em várias áreas das artes circenses Ana Oliveira

A notícia ainda não se espalhou por aí, e mais de meia centena de interessados já se inscreveram-se já nas provas de aptidão para o primeiro curso do Instituto Nacional de Artes Circenses. A adesão entusiasma Manuel Barros, presidente do Acro Clube da Maia, organização que anda nos píncaros com as medalhas que atletas seus conseguiram nos recentes mundiais de Ginástica Acrobática, na China, e que vai alargar, em Setembro, a sua actividade às artes de Circo: albergando uma escola privada, fundada em parceria com três artistas do meio.

Luísa Moreira é, com Bruno Machado e Juliana Moura, responsável pela direcção artística da nova escola, a primeira dedicada às artes do circo na região Norte. O INAC nasce de uma vontade antiga de aproximar Portugal de outros países onde o circo é acarinhado, não apenas na melhoria das condições de acolhimento de espectáculos pelas cidades, mas também no próprio ensino, que é ministrado em escolas públicas e privadas. Em Portugal tirando o Chapitô, que dá formação com equivalência ao 12.º ano, não há outra escola de artes circenses.

O novo instituto da Maia não vai ocupar esse espaço, mas tentará garantir uma formação de qualidade a estudantes, ou jovens artistas, que pretendam a seguir começar a trabalhar ou, por outro lado, candidatar-se ao exigente mundo das escolas de França ou Itália, exemplifica Luísa Moreira, fundadora de um circo, o Girandum, e que no âmbito da sua formação superior na Escola Superior de Música, Artes e do Espectáculo escreveu uma tese, Contributos para Uma Política Cultural nas Artes do Circo, que chegou a ser adaptada para um projecto-de-lei do Bloco de Esquerda para este sector.

Entre outros problemas, o Circo carece de visibilidade, autonomia e meios de financiamento nas políticas públicas. E a abertura de instituições relevantes àquilo que vem sendo conhecido, nas últimas décadas, como o Novo Circo, notada por esta profissional, não gerou espaços de formação  para além do pouco que existia em Portugal. O INAC pretende de alguma forma colmatar essa falha, apostando num corpo docente que incluirá mestres em ginástica acrobática do Acro, e profissionais de disciplinas como o teatro, a dança, o malabarismo, entre outros.

O Acro Clube admite vir a ministrar este curso em parceria com o Ministério da Educação, mas o seu presidente, Manuel Barros explica que os promotores não quiseram que a sempre complexa tramitação burocrática atrasasse o arranque da formação, que vai começar com uma turma de 20 alunos, no máximo, para poder garantir um ensino de qualidade, e o apoio de um professorar a cada estudante, em regime de tutoria. E confiança no projecto é tal que, já no segundo ano, o curso vai ser submetido à certificação da Federação Europeia de Escolas de Circo, entidade que já está a divulgar esta nova oferta formativa, aberta a pessoas de todo o mundo.

O curso custará três mil euros por ano. Um valor para o qual não existem, para já, bolsas de estudo, mas que não demoveu a mais de meia centena de interessados que se inscreveram nas provas de aptidão, marcadas para 21 e 22 de Maio. Nestas, para além do currículo serão avaliadas características como o equilíbrio, a força e a resistência física, as aptidões teatrais e na dança. Os candidatos serão ainda submetidos a uma entrevista, para avaliar as suas motivações explicou ao PÚBLICO Luísa Moreira.

O presidente do Acro Clube da Maia está muito satisfeito com esta parceria, que acrescenta valor à formação já oferecida por esta organização que, há poucos dias, trouxe dos Campeonatos Mundias de Ginástica Acrobática, que se realizaram na China, duas medalhas de bronze e uma de ouro. O clube tem instalações “excelentes”, diz Manuel Barros, acrescentando que o ginásio de 2500 metros quadrados vai passar, com a escola de circo, a ter uma ocupação no período da manhã e do início da tarde, complementar aos treinos dos seus 200 atletas, que decorrem depois do horário das escolas do ensino regular.

Decorrente deste investimento na formação das Artes do Circo, o Acro Clube vai organizar em breve um workshop com dois membros da direcção artística do Cirque do Soleil, anunciou o presidente. Luísa Moreira considera que os canadianos são o melhor exemplo da importância da formação superior nas artes circenses, uma aposta do Canadá, da França, ou de Itália, que Portugal ainda não replicou.  

Sugerir correcção
Comentar