Matosinhos é capital da Cultura do Eixo Atlântico e quer mostrar do que é capaz

Concerto de Maria João com a Orquestra de Jazz assinala o arranque oficial das actividades. Na sexta-feira começa a décima edição do festival de Literatura em Viagem.

Foto
A abertura da programação será feita no Teatro Municipal Constantino Nery Fernando Veludo/nfactos

A abertura oficial do Matosinhos – Capital da Cultura do Eixo Atlântico é assinalada nesta quinta-feira, no Teatro Municipal Constantino Nery, com concerto de Maria João com a Orquestra Jazz de Matosinhos. O espectáculo, que marca a abertura institucional da Capital da Cultura, é o primeiro evento de cerca de 400 programados até ao final do ano.

Em 2014 a Câmara de Matosinhos já tinha anunciado que um dos principais objectivos deste mandato era a organização da Capital da Cultura do Eixo Atlântico. Em declarações ao PÚBLICO, o vereador da cultura, Fernando Rocha, diz que o motivo da candidatura surge da necessidade de “consolidar todo o trabalho cultural desenvolvido no concelho” ao longo dos últimos anos. Trabalho este que entende ter sido a alavanca que deu origem a “referências culturais” como a Orquestra Jazz de Matosinhos, ao Quarteto de Cordas ou ao festival de Literatura em Viagem (LeV). Nesse sentido acredita que esta é “uma oportunidade para dar maior dimensão” à oferta cultural do município, com o objectivo de que “não se extingam projectos indispensáveis” para o panorama cultural da cidade.  A organização da Capital da Cultura do Eixo Atlântico, é também vista como “uma forma de alargar públicos”, numa tentativa de “internacionalização”, sobretudo para a área da Galiza. 

Para uma cidade como Matosinhos, que divide o espaço de uma área metropolitana encabeçada pelo Porto, encontrar o seu lugar no panorama cultural pode ser, à partida, uma tarefa mais complicada. Mas para Fernando Rocha o objectivo nunca foi “nem será rivalizar ou fazer concorrência”, mas sim seguir uma lógica de “complementaridade”. O vereador diz seguir o mesmo legado de Paulo Cunha e Silva, que ocupou o Pelouro da Cultura do Porto até ter falecido no final do ano passado, que acreditava numa programação pensada em conjunto entre Porto, Gaia e Matosinhos. Esta forma de pensar uma área, “que em conjunto corresponde a cerca de 1,5 milhões de pessoas”, deu origem a parcerias em eventos como o Dias da Dança, o Open House, o FITEI ou a Experimenta Design.

No final do ano, depois de se fazer o balanço da Capital da Cultura do Eixo Atlântico, Fernando Rocha, quer que este investimento permita a Matosinhos reforçar a ideia de que “a aposta na cultura é fulcral para o desenvolvimento das cidades”, cumprindo, assim, o desígnio da afirmação cultural do município. Como obra edificada deste mandato reforça ainda a importância que terão equipamentos como o reabilitado complexo Real Vinícola, que vai albergar a Casa da Arquitectura, a Orquestra de Jazz, estúdios de gravação e salas de ensaio, o Centro de Memória, a Casa do Design, a Casa da Aviação ou uma nova praça que irá nascer em Matosinhos Sul, resultado desta organização.       

Esta é a primeira vez que duas cidades organizam a Capital da Cultura do Eixo Atlântico. Matosinhos partilha a organização com Vila Real, sob o mote "Do Douro ao Atlântico", depois de Vila Nova de Gaia em 2009, Viana do Castelo em 2011, e Ourense em 2014.

O acolhimento de espectáculos teatrais de companhias galegas, o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica,  exposições de artes plásticas, fotografia e design, algumas das quais organizadas em colaboração com algumas instituições de referência da Galiza ou festival Literatura em Viagem, são alguns dos destaques da programação.

Dez anos de Literatura em Viagem (LeV)
De sexta-feira a domingo cerca de vinte autores nacionais e estrangeiros, vão passar pela Biblioteca Municipal Florbela Espanca para debaterem “as narrativas e caminhos da Europa”. A décima edição  do LeV, “a mais internacional de sempre”, terá início nos paços do concelho com uma conferência de José Pacheco Pereira às 21h30. O italiano Claudio Magris, autor de “Danúbio”, uma das figuras de destaque do LeV, vai ser entrevistado por Rui Tavares no sábado às 17h45.

O programa da 10ª edição do encontro literário, este ano realizada no âmbito do Matosinhos – Capital da Cultura do Eixo Atlântico, inclui oito mesas temáticas, oficinas em escolas, exposições, feira do livro e conferências.

Entre os convidados para esta décima edição contam-se ainda autores como Howard Jacobson, Ella Berthoud e David Toscana, Lídia Jorge, Patrícia Reis, Gonçalo Cadilhe, Andrés Barba, Paulo Moura, Clara Ferreira Alves, Filipe Morato Gomes, Ilze Butkute, Pedro Vieira, Alberto S. Santos, João Ricardo Pedro, Francisco José Viegas, Josefine Klougart e Luísa Costa Gomes. 

Sugerir correcção
Comentar