Carlos pede a estranhos que baixem as máscaras — só para uma fotografia e um sorriso

Carlos Ferreira
Fotogaleria
Carlos Ferreira

Carlos Ferreira aproxima-se de estranhos para, poucos segundos depois, se afastar enquanto eles baixam a máscara. Quando volta a olhar, recebe quase sempre um sorriso. São dois retratos, quase separados por um antes e depois, a quem vê passar pelas ruas de Lisboa e Madrid. 

Unmasking é o nome do projecto fotográfico do professor e director do Centro de Informática da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. Começou há três meses, quando o meu treinador tirou a máscara para limpar o suor. Fiquei perplexo. Já não reconhecia aquela cara sem máscara”, pensou.

A partir daí, começou um exercício diário de imaginação, comum aos que conhecem pela primeira vez alguém a quem só vê metade da expressão. Estava quase obcecado… senti o impulso de tirar a máscara a cada um para poder ver e sentir o que o resto daquelas faces me dizia”, escreve, na apresentação dos retratos.

A curiosidade nem sempre foi satisfeita, no entanto. E, em muitos casos, teve mesmo de se ficar pela imaginação, perante a recusa em tirar a fotografia — ou a máscara. Esse medo por vezes era tão grande que o senti no meu corpo, como se fosse, ele próprio, um vírus que se podia transmitir. Houve situações em que quase me senti sem ar devido à energia negativa que se gerou.

“Arrisco-me a dizer que tenho tido conversas mais ricas com as pessoas que me oferecem um 'não' do que com aquelas que me dão um 'sim'”, reflecte. Uma dessas pessoas, no final, até me disse: 'que pena ter dito ‘não’ no início, há muito tempo que não tinha uma conversa tão interessante, obrigado.”

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira