Taiwan: a “capital gay da Ásia” votou contra o casamento homossexual. E agora?

Lin toca na cara do namorado Austin para demonstrar aos clientes como devem fazer durante uma sessão fotográfica. REUTERS/Ann Wang
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Lin toca na cara do namorado Austin para demonstrar aos clientes como devem fazer durante uma sessão fotográfica. REUTERS/Ann Wang

No passado fim-de-semana, os eleitores de Taiwan rejeitaram a legalização do casamento homossexual em três referendos. Dir-se-á que foi um rude golpe contra a decisão do Supremo Tribunal daquele país que no ano passado declarou que a lei em vigor (que só autoriza o matrimónio entre homem e mulher) violava a liberdade e o direito à igualdade dos cidadãos.

Foram medidas como esta do Supremo Tribunal em 2017, uma decisão histórica no continente asiático, que fizeram de Taiwan a “capital gay da Ásia”, como descreve a Reuters. Taipei recebe todos os anos mais de 80 mil pessoas, durante uma semana, para a marcha do orgulho gay. A Reuters destaca, ainda, a prosperidade dos negócios dedicados à comunidade LGBTI (Lésbica, Gay, Bissexual, Transgénero e Intersexo).

É o caso de Austin Haung, fotógrafo amador que, com tanto trabalho, se prepara para se dedicar a fotografar uniões LGBTI a tempo inteiro. “Os nossos clientes são na maioria casais homossexuais que vêm de outros lados como Hong Kong, Singapura, China e Malásia”, confessou o fotógrafo à Reuters. Haung é gay e na véspera dos referendos defendia o voto a favor. A sua mãe, Zeng, mais de 60 anos, não pensa da mesma maneira e reuniu parentes e amigos para votarem contra.

O referendo dividiu opiniões e famílias. Apesar de não ser vinculativo, o resultado da consulta popular preocupou a Amnistia Internacional que afirmou “que é um passo atrás para os direitos humanos em Taiwan". Quem não parece tão preocupado é Yu Nanxian, dono de uma sauna destinada a homens homossexuais. “Eu não estou muito preocupado com o negócio", disse à Reuters dias antes das votações. "Um homem gay será sempre um homem gay, não importa o resultado do referendo."

O Governo e o Parlamento terão agora de decidir se cumprem a decisão do Tribunal Constitucional para legalizarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo até Maio de 2019, ou se respeitam a decisão dos eleitores e mantêm a lei tal como ela está.

Austin Haung é gay e fotografa uniões LGBTI
Austin Haung é gay e fotografa uniões LGBTI REUTERS/Ann Wang
Austin a editar fotos no seu estúdio.
Austin a editar fotos no seu estúdio. REUTERS/Ann Wang
O escritório de Austin.
O escritório de Austin. REUTERS/Ann Wang
John Sugden (à direita) e Kao Shaochun fotografados por Austin.
John Sugden (à direita) e Kao Shaochun fotografados por Austin. REUTERS/Ann Wang
John Sugden e Kao Shaochun a prepararem-se para ser fotografados por Austin.
John Sugden e Kao Shaochun a prepararem-se para ser fotografados por Austin. REUTERS/Ann Wang
Lin a segurar um reflector para dar sombra a Austin durante uma sessão fotográfica.
Lin a segurar um reflector para dar sombra a Austin durante uma sessão fotográfica. REUTERS/Ann Wang
Lin segura um reflector enquanto Austin fotografa Kao Shaochun (à esquerda) e John Sugden durante a sessão de fotos.
Lin segura um reflector enquanto Austin fotografa Kao Shaochun (à esquerda) e John Sugden durante a sessão de fotos. REUTERS/Ann Wang
Austin Haung (à direita) acompanhado pelo namorado Lin Chinxuan.
Austin Haung (à direita) acompanhado pelo namorado Lin Chinxuan. REUTERS/Ann Wang
Yang Pingjing é o dono da livraria Gin Gin, um dos centros dos activistas LGBT no país. Em 2003, foi invadida pela polícia que apreendeu 500 revistas. “Combatemos uma longa batalha e agora temos clientes fiéis de todo o mundo que vêm à nossa loja pelo menos uma vez por ano", disse Yang Pingjing à Reuters.
Yang Pingjing é o dono da livraria Gin Gin, um dos centros dos activistas LGBT no país. Em 2003, foi invadida pela polícia que apreendeu 500 revistas. “Combatemos uma longa batalha e agora temos clientes fiéis de todo o mundo que vêm à nossa loja pelo menos uma vez por ano", disse Yang Pingjing à Reuters. REUTERS/Ann Wang
A livraria Gin Ging, em Taipei.
A livraria Gin Ging, em Taipei. REUTERS/Ann Wang
Leon Guzifer e Ting Tyesen. Um casal homessexual que prevê casar em Maio do próximo ano. Juntos, abriram a pastelaria Shin's Jam & Pastry Collection
Leon Guzifer e Ting Tyesen. Um casal homessexual que prevê casar em Maio do próximo ano. Juntos, abriram a pastelaria Shin's Jam & Pastry Collection REUTERS/Ann Wang
Leon Guzifer e Ting Tyesen fizeram campanha pelo "sim" nos referendos sobre a legalização do casamento homessxual.
Leon Guzifer e Ting Tyesen fizeram campanha pelo "sim" nos referendos sobre a legalização do casamento homessxual. REUTERS/Ann Wang
Leon Guzifer e Ting Tyesen a rezar.
Leon Guzifer e Ting Tyesen a rezar. REUTERS/Ann Wang
Winson Lo tem 44 anos e é a dona da T-Kingdom, uma empresa que fabrica "binders" (faixas que ocultam o peito). “Comecei a amarrar o peito durante o secundário, mas só podíamos usar fitas, que doíam muito e cheiravam mal. Por necessidade, criei esta empresa”.
Winson Lo tem 44 anos e é a dona da T-Kingdom, uma empresa que fabrica "binders" (faixas que ocultam o peito). “Comecei a amarrar o peito durante o secundário, mas só podíamos usar fitas, que doíam muito e cheiravam mal. Por necessidade, criei esta empresa”. REUTERS/Ann Wang
Winson Lo tem 44 anos e é a dona da T-Kingdom
Winson Lo tem 44 anos e é a dona da T-Kingdom REUTERS/Ann Wang
Du Yueting (à esquerda) e a namorada Zhang Tongyu. Juntas, tem um restaurante onde decidiram pintar um arco-íris como símbolo da sua orientação sexual. “Eu estava realmente preocupada em exibir publicamente a nossa orientação sexual. Podia ser bastante controverso e prejudicar nosso negócio ", disse Zhang à Reuters. O casal decidiu mesmo ir em frente. "Serviremos aqueles que estão dispostos a entrar. Para aqueles que não querem, não nos arrependemos de perdê-los ", disse Du.
Du Yueting (à esquerda) e a namorada Zhang Tongyu. Juntas, tem um restaurante onde decidiram pintar um arco-íris como símbolo da sua orientação sexual. “Eu estava realmente preocupada em exibir publicamente a nossa orientação sexual. Podia ser bastante controverso e prejudicar nosso negócio ", disse Zhang à Reuters. O casal decidiu mesmo ir em frente. "Serviremos aqueles que estão dispostos a entrar. Para aqueles que não querem, não nos arrependemos de perdê-los ", disse Du. REUTERS/Ann Wang
Du Yueting prepara o pequeno-almoço para a namorada Zhang no restaurante do casal.
Du Yueting prepara o pequeno-almoço para a namorada Zhang no restaurante do casal. REUTERS/Ann Wang
Du e Zhang à espera numa clínica de medicina chinesa.
Du e Zhang à espera numa clínica de medicina chinesa. REUTERS/Ann Wang
Du Yueting e Zhang Tongyu.
Du Yueting e Zhang Tongyu. REUTERS/Ann Wang
A sauna de Yu Nanxian destinada a homens homossexuais
A sauna de Yu Nanxian destinada a homens homossexuais REUTERS/Ann Wang
Um quarto da sauna.
Um quarto da sauna. REUTERS/Ann Wang
A casa de banho da sauna.
A casa de banho da sauna. REUTERS/Ann Wang
Yu Nanxian na sauna.
Yu Nanxian na sauna. REUTERS/Ann Wang
Yu Nanxian, na sauna, a observar os chuveiros.
Yu Nanxian, na sauna, a observar os chuveiros. REUTERS/Ann Wang