Causas
As regras da piscina mudaram: é proibido ser intolerante
Ir à piscina sem estar depilada? Ter celulite, estrias ou cicatrizes e não ter medo de vestir um fato de banho? Ter sido submetida a uma dupla mastectomia e usar um biquíni que deixe as cicatrizes à mostra? A resposta é a mesma para todas estas perguntas: sim. As regras da piscina mudaram e a primeira é esclarecedora: “A intolerância não é tolerada.” Quem o diz é a Chromat, uma marca de roupa de banho norte-americana que já é conhecida pelo comprometimento com a inclusão de todos os tipos de corpos no mundo da moda. Procura modelos de todas as etnias, idades e com corpos de vários tipos e, mais uma vez, decidiu mexer com as convenções da indústria através de uma campanha que impõe dez novas regras de utilização da piscina.
As regras proíbem o body e food-shaming, dão as boas vindas a cicatrizes, estrias, pêlos, celulite, deixam de lado restrições de idade ou de orientação sexual e respeitam deficiências. O objectivo é “mudar as tradicionais regras da piscina para representação das massas e criar algo realmente impactante”, explicou Jennifer DaSilva, presidente da Berlin Cameron, a agência que trabalhou com a Chromat nesta campanha, citada pela Glamour. “Todas as piscinas têm um poster com as suas regras, então nós decidimos pegar nisso e re-imaginar para que transmitissem algo com mais significado”, acrescenta.
A campanha apresenta a BabeGuard, uma equipa constituída por cinco mulheres: Denise Bidot e Emme, modelos plus-size; Ericka Hart, activista sobrevivente de uma dupla mastectomia; Mama Cax, activista amputada; e Geena Rocero, modelo e activista trans. “Todas representam uma bandeira para mudar a cultura e empurrá-la para a frente”, explicou Becca McCharen-Tran, designer da Chromat, à Glamour. As imagens retratam mulheres que, independentemente da idade, peso ou marcas na pele, mostram confiança em relação ao próprio corpo.
Também Denise Bidot se pronunciou em relação à campanha, através de um texto que escreveu na Teen Vogue. A modelo demonstrou o desejo de ver a indústria da moda mais comprometida com causas como a inclusão: “Houve uma altura, não há muito tempo atrás, em que víamos modelos curvy em quase todas as passarelas de Nova Iorque. Isso já não acontece. Existem mulheres de todos os tamanhos — e não somos uma tendência ou uma estratégia de marketing. A indústria da moda precisa de um comprometimento mais consolidado em relação à inclusão.”
A modelo espera que “mais marcas olhem para a Chromat como uma inspiração para mudar” e afirma ainda que, enquanto espera que isso aconteça, vai estar “descansada na beira da piscina, com o fato de banho Chromat, a celebrar a celulite, as cicatrizes e as estrias — independentemente do que os outros possam pensar". “A pergunta que eu ouço mais de jovens entusiastas da moda é ‘Como é que eu posso ser assim tão confiante?’ e a realidade é que são passos de bebé”, escreveu. A verdade é que a campanha pode ser um passo de bebé num percurso longo, mas é caso para fazer mais uma pergunta: vale a pena continuar com as “operações biquíni”?