Arquitectura
São espigueiros gigantes premiados — e tu podes dormir neles
Fica em Arouca, recebe turistas desde Outubro e é uma homenagem aos espigueiros tradicionais. Estamos nas Quintãs – Farm Houses, da autoria do arquitecto António Júlio Caseiro, que, soube-se há poucos dias, venceu o galardão de melhor solução de eficiência energética dos Prémios Nacionais de Reabilitação Urbana de 2018.
O projecto, que data de 2014 e foi concluído em Agosto do ano passado, é constituído por três unidades habitacionais T1, organizadas em dois volumes independentes, dois gigantescos espigueiros, harmoniosamente integrados no espaço rural envolvente. Com “referências à memória ancestral e típica de um conjunto agrário”, a obra, conta o arquitecto ao P3, inspirou-se nas formas da eira, do canastro e do palheiro, recorrendo à madeira, à telha e à pedra, toda ela reutilizada da construção anterior. António Júlio Caseiro procurou ainda “uma boa exposição e orientação solar, uma fruição paisagística e uma boa qualidade de construção”.
Conferir segurança, conforto e bem-estar aos seus utilizadores foi o principal objectivo da reabilitação, características visíveis nos pormenores de isolamento, na escolha de materiais de revestimento e acabamento, no trabalho de carpintaria e na minúcia na instalação das redes de infra-estruturas. O prémio explica-se pelo recurso a soluções construtivas energeticamente passivas, nomeadamente “painéis com isolamentos térmicos, blocos térmicos, caixas-de-ar, mantas térmicas, mantas de impermeabilização, vidros duplos de alta qualidade, perfis térmicos e o ripado de madeira”.
A eficiência energética, a paisagem, a centralidade e a fusão com o meio rural são para o arquitecto as mais-valias das Quintãs – Farm Houses. “É uma proposta que se integra no meio, é uma proposta que está muito próxima do centro, a dois minutos a pé, está praticamente ao lado do Mosteiro e do Convento de Arouca, por isso também não podia ser uma obra que fosse aberrante ou que fosse agressiva”, conta o criador, que não se importaria de viver na propriedade. Ainda assim, imagina-a a ser habitada por casais ou amantes da natureza, que apreciem o ambiente rural. De momento, as casas destinam-se a alojamento local e, segundo o arquitecto, o proprietário pretende alargar o conceito.
A República 37, em Lisboa, foi a grande premiada na sexta edição dos prémios, promovidos pela Vida Imobiliária e pela Promevi para distinguir as melhores intervenções de requalificação e renovação em Portugal. O projecto do arquitecto Frederico Valsassina venceu nas categorias residencial, obra na cidade de Lisboa e reabilitação estrutural. Também em Lisboa ficam a Sede Abreu Advogados, vencedora na categoria comercial e serviços, o Verride Palácio Santa Catarina, considerado o melhor na vertente turismo, e a Quinta Alegre, que recebeu a distinção pelo restauro. A Escola Básica Maria Barroso, em Lisboa, e a Real Vinícola, em Matosinhos, dividiram o prémio de impacto social. Já na cidade do Porto foi premiado o edifício dos Albergues Nocturnos do Porto. Por fim, o galardão intervenção inferior a mil metros quadrados foi arrecadado pela Quinta do Catapeixe, localizada na freguesia de Bem Viver, no Marco de Canaveses.