Fotografia
"Uma viagem extraordinária" pelos lugares do azeite trasmontano
"Uma viagem extraordinária — regressei às origens". O fotógrafo português John Gallo, que abandonou Trás-os-Montes aos cinco anos, regressou à terra que o viu nascer para documentar "Os Lugares do Azeite Transmontano". Neste ensaio fotográfico (e fotolivro), Gallo registou o percurso deste produto nas regiões de Vila Nova de Foz Côa, Vila Flor, Alfândega da Fé e Mirandela, lugares "de uma alma lusa nobre", lugares "onde desejamos voltar sempre". "O dourado azeite, de sabor refinado, afagado pelas mãos de quem conhece a terra e o que ela dá, cresce numa simbiose entre a sabedoria de um povo [...] e a frieza clínica dos novos lagares", escreve Gallo no website do projecto. O processo da produção de azeite, nos referidos lagares, passa por diversos estágios: o da colheita da azeitona, da lavagem e selecção do fruto, da moenda, da batedura (processo através do qual se uniformiza a polpa resultante da moenda), o da extracção do "sumo" dessa polpa, o da filtragem de resíduos e, finalmente, o do armazenamento. John Gallo foi mais longe e acompanhou o produto até ao prato, como é visível nesta fotogaleria. No prefácio do fotolivro, redigido por Constança Vieira de Andrade, pode ler-se que "para se entender o que significa produzir azeite em Trás-os-Montes é fundamental saber ver". "E esta visão tem de incluir o material e o imaterial; tem de se transmitir em expressões e esgares, não só na solidez do inerte como na mobilidade constante do esforço e da técnica apurada ao longo de gerações." Gallo captou o "material e imaterial" de uma terra de homens e mulheres de "voz doce, punho firme, face esculpida a preceito pelo sol de uma vida inteira de costas rectas arqueadas pela verticalidade da labuta".