Pobreza
EUA: são sem-abrigo e as suas casas são tendas
Não é à toa que Camp Hope, em Las Cruces, no Novo México, roubou o nome de baptismo à palavra "esperança". Este acampamento de tendas apresenta-se como um projecto de vida "alternativo" e de "transição" para os sem-abrigo. Aí vivem cerca de 50 pessoas. Matt Mercer já foi um deles — agora é voluntário no local. "A coisa mais única do acampamento é o sentido de comunidade", disse, em declarações à agência Reuters. "Quando uma pessoa está no sistema, não vê comunidade, as pessoas estão só em modo de sobrevivência." Richey Luper concorda: "A cidade de tendas dá uma sensação de segurança, não há dúvida". Já os abrigos SHARE/WHEEL descrevem-se como organizações democráticas em regime de autogestão para sem-abrigo e ex-sem-abrigo; são eles próprios que gerem as diversas cidades de tendas. Para Kalaniopua Young, de 32 anos, viver num dos acampamentos nos arredores de Seattle foi uma "escolha": "Estava sozinha e deprimida a viver num apartamento. Sinto-me melhor aqui com interacção social e amizade. Há uma democracia directa com resultados imediatos, o que difere da burocracia tradicional." Depois de terem perdido o emprego e o apartamento, Kadee Ingram, de 28 anos, e o marido, Renee, também foram parar a este acampamento com o filho de Sean, de dois. E não se arrependem. "(...) Sentimo-nos seguros. Gostávamos de ter sabido da existência deste sítio mais cedo." A verdade é que não é fácil encontrar alojamento social — James Bannister, por exemplo, está à espera há 20 anos. O fotojornalista da Reuters Shannon Stapleton recolheu estas e muitas histórias para este trabalho publicado pela agência. Nos EUA, de Seattle, no estado de Washington, a Las Cruces, no Novo México, muitos sem-abrigo vivem em acampamentos de tendas, longe dos "perigos" da vida nas ruas. A estabilidade, dizem, ajuda-os a tentar alcançar os seus objectivos. Apesar da escassez de habitações para os mais pobres e das restrições orçamentais que afectaram os programas de assistência social, muitas cidades norte-americanas têm apertado o cerco a estas autênticas cidades nos últimos anos, refere a agência noticiosa. Basta um passo em falso, avisa Stanley Smith, de 60 anos, nómada dentro do país desde os 15: "Não há uma pessoa lá fora que não esteja à distância de um salário em falta de estar aqui."