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Aqui humanos espreitam animais (ou vice-versa)
Depois do sucesso de "A Ballet Story" — considerado pelo PÚBLICO o melhor espectáculo de dança de 2012 —, o coreógrafo Victor Hugo Pontes apresenta a sua nova criação: "Zoo". Trata-se de um trabalho que teve o texto “Why Look at Animals?” (PDF), do ensaísta britânico John Berger, como ponto de partida. O ensaio, publicado originalmente no livro "About Looking" (1980), explora a relação entre o homem e os animais não-humanos (dizemos assim para não ferir susceptibilidades filosóficas ou científicas, afinal de contas a fronteira que aparta o humano do não-humano está em permanente negociação). Animais humanos enjaulam animais não humanos para os observar num contexto que oscila entre o museu e o parque de diversões (mas, ao mesmo tempo, num contexto alegadamente "natural"). "Zoo", como explica o texto de apresentação do espectáculo, "interessa-se por este processo e transforma-o em matéria teatral, estruturando-se em torno de pares ora dicotómicos, ora complementares: homem e animal, observador e observado, público e cena". E dessa reflexão artística nasce uma pergunta: "Perdida a relação com a natureza, resta a esperança de nos religarmos ao mundo através da experiência da beleza num ambiente de assumida artificialidade?" É dessa questão paradoxal que se ocupa Victor Hugo Pontes. A.A.S.