IGCP emitiu 2000 milhões de euros em dívida a 30 anos

Estado não emitia obrigações com um prazo tão alargado há nove anos. Taxa de juro, de 4,1%, ficou quase ao mesmo nível.

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A abertura da bolsa lisboeta acompanhou a maioria dos mercados europeus Rafael Marchante/Reuters

Apesar do “contexto favorável para a dívida europeia”, a taxa manteve-se praticamente ao mesmo nível do que os investidores pediram “quando Portugal emitiu títulos a 30 anos pela primeira vez em 2006”, frisa Steven Santos, gestor da XTB Portugal, numa nota enviada às redacções. “O entusiasmo em torno das medidas mais agressivas que o Banco Central Europeu (BCE) deverá apresentar na próxima semana permitiu a Portugal emitir obrigações a 30 anos pela segunda vez desde sempre, num dos vencimentos mais distantes e difíceis de vender”, sublinha o analista. A emissão foi feita com o apoio de um sindicato de bancos de que fez parte a Caixa BI, o BBVA, o Citi, o Crédit Agricole, o Danske Bank, o Morgan Stanley e o Nomura.

Mais de dois terços dos compradores das obrigações a 30 anos são investidores sedeados no Reino Unido (36%), havendo ainda um peso importante de investidores da Alemanha/Áustria/Suíça (21,9%), seguindo-se outras regiões da Europa (15,8%), a Escandinávia (9,5%) e só depois Portugal (6,1%). Mais de metade (56%) da dívida foi adquirida por gestores de activos, seguindo-se uma parcela de 21,9% por parte de fundos de pensão e seguradoras, 13% por bancos, 5,8% por hedge funds, 21% por bancos centrais e 1,2% por investidores não especificados pelo IGCP.

Em comunicado, a agência liderada por Cristina Casalinhos vinca que Portugal viu uma “janela de oportunidade” para realizar esta operação, “beneficiando de um ambiente favorável e da procura dos investidores”.

Ao mesmo tempo, o IGCP colocou 3500 milhões de euros em obrigações a dez anos, totalizando assim a dívida emitida nas duas linhas de financiamento em 5500 milhões de euros. A dez anos, a taxa de juro média foi de 2,875%.

A emissão de dívida de longo prazo acontece numa altura que que os juros da dívida portuguesa estão a descer, renovando mínimos históricos em vários prazos, a reflectir maior confiança dos investidores na economia portuguesa, com o enquadramento da actuação do BCE.

No mercado secundário, onde se revendem títulos de dívida, as taxas implícitas das obrigações a dois anos fixaram nesta terça-feira o valor mais baixo de sempre, 0,413%. No prazo a dez anos, a taxa implícita caiu para 2,566%. Neste prazo, na primeira sessão do ano, foi fixado um mínimo histórico em 2,418%.

Ao emitir a 30 anos, o Estado dilui a prazo de reembolso da dívida, criando maior estabilidade no programa de financiamento. No entanto, e em face dos níveis actuais das taxas exigidas a Portugal, o IGCP suporta juros mais elevados do que se optasse por operações de prazo mais curto.

As emissões a 30 anos, muito frequentes nos EUA, são procuradas por investidores institucionais, especialmente em cenários de baixa inflação, como acontece actualmente em Portugal e na zona euro.

O programa de financiamento do Estado para 2015 aponta para um levantamento entre 12 e 14 mil milhões de euros em obrigações. com Pedro Crisóstomo

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