Phelps a sair, Ledecky e Biles a chegar
Os destaques da primeira semana de Jogos Olímpicos vão ter percursos diferentes no futuro próximo.
Na entrada para a segunda metade dos Jogos Olímpicos de 2016, chegou a hora de destacar as figuras dos primeiros dias de Olimpíadas.
Michael Phelps
No Rio de Janeiro, Phelps foi Phelps. Nos últimos dias, a “Bala de Baltimore” confirmou-se como a grande figura dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. No Brasil, o norte-americano chegou às 28 medalhas olímpicas e às 23 de ouro, “esticando”, ainda mais, a diferença que o separa de todos os atletas que já passaram pelo maior evento desportivo do mundo.
Se o desporto se faz de números, Michael Phelps dominou: vitória nos 200 metros mariposa, recuperando da derrota de Londres 2012, vitória nos 200 estilos e vitórias em três estafetas: 4x100 livres, 4x200 livres e 4x100 estilos. Falhou apenas a vitória nos 100 metros mariposa, prova em que o aprendiz superou o ídolo: um jovem de Singapura, que, em Pequim 2008, tirou uma fotografia com o ídolo Phelps, bateu o norte-americano, nesta final, em 2016.
Se o desporto se faz de emoções, Phelps dominou, igualmente. Na sua despedida dos Jogos Olímpicos, Phelps gritou, chorou, saltou, beijou, cantou e agradeceu. Acompanhado da mãe Nicole, o pequeno Bloomer assistiu, no Estádio Aquático Olímpico, à despedida gloriosa do pai. Agora, numa nova fase da sua vida, o Phelps nadador assumirá as funções de Phelps pai. Mas fá-lo com o título de melhor atleta da história dos Jogos Olímpicos.
Simone Biles
Em 1976, nos Jogos de Montreal, a ginasta romena Nadia Comaneci recebeu a primeira nota 10 da história, recebendo dos jurados um “perfect 10”, que, de início, foi apenas um medíocre “1,00”, deixando o público de respiração cortada. O placard electrónico só estava preparado para colocar três algarismos, mas Nadia Comaneci, aos 14 anos, acabava de receber um 10,00. A romena tornou-se uma das grandes figuras da ginástica e das Olimpíadas.
Em 2016, no Rio, há quem diga que pode ter nascido a nova Comaneci. Simone Biles tem encantado e dominado nas competições de ginástica e pode acrescentar mais um ouro (solo) aos três que já conquistou (equipas, all-around e salto). Os especialistas dizem que Biles tem tudo: alegria (o seu sorriso contagiante tem marcado estes Jogos), confiança, uma técnica única, amplitude, explosão, firmeza, segurança e a motivação de uma jovem que entrou na ginástica, depois de uma infância atribulada.
A “pequena fada” não se assemelha a nada do que já apareceu na ginástica do século XXI e os próximos anos, muito provavelmente, serão dela.
Teddy Riner
“Le jour de gloire est arrivé [o dia de glória chegou]” canta-se no hino francês e, para este gaulês de Guadalupe, o percurso até ao dia de glória já é apenas uma mera formalidade.
Teddy Riner sagrou-se bicampeão olímpico de judo +100kg. Agora as verdadeiras notícias: “Big Ted” não sofre uma derrota desde 2010 e, no Rio 2016, continuou o seu “passeio” no topo do judo mundial. O octocampeão do mundo, com a ajuda do seu talento e, claro, dos seus 140kg, “despachou” quem teve de despachar, na Arena Carioca 2, e continou a gravar o seu nome na história dos Jogos Olímpicos.
Katie Ledecky
Em 1997, em Washington, nasceu a futura nadadora Katie Ledecky, uma jovem com ascendência judaica e algumas raízes europeias. Não nasceu na Casa Branca, mas tornou-se num dos maiores motivos de orgulho dos Estados Unidos da América. Ledecky tem 19 anos e parece vir para ficar (Phelps que se cuide).
O jovem prodígio – mas já certeza – da natação norte-americana tem mostrado um domínio avassalador nas provas que disputa e conseguiu, em 2016, o “200-400-800” – vencer o ouro nas três distâncias do estilo livre –, algo que não era conseguido desde 1968.
Nos 400 e nos 800, Ledecky bateu os recordes do mundo e venceu de uma forma inacreditável: a nadadora tocou na parede, terminou a sua prova, virou-se para trás, começou os festejos, e só depois chegou a segunda classificada. Nas duas provas, Ledecky “destruiu” o recorde do mundo, que já era seu, por mais de dois segundos e, nos 400, terminou o percurso cerca de cinco segundos antes da medalhada de prata – uma margem maior do que a das últimas seis finais olímpicas desta prova… somadas.
Aos três ouros individuais, somam-se um ouro e uma prata em estafetas. Ledecky veio para marcar a natação e o desporto mundiais.
Katinka Hosszu
Depois de não ter sido feliz nas águas asiáticas, em Pequim, e nas europeias, em Atenas e Londres, no Rio de Janeiro, Katinka Hosszu esteve na água, como um peixe.
Não tem a fama de Ledecky, nem o estatuto de Phelps, mas Katinka Hosszu, a “dama de ferro”, apresentou-se no Rio a um nível excepcional. Aos 27 anos, venceu o ouro nas provas de 100 metros costas e nos 200 e 400 estilos. Somou ainda uma prata nos 200 metros costas.
O pecúlio da húngara é ainda mais notável, se considerarmos que venceu todas as suas medalhas em provas individuais. E não se limitou a ganhar. Nos 400 estilos, Hosszu foi responsável por outra “destruição” de recorde do mundo. Tirou mais de dois segundos à anterior melhor marca e volta para Pécs, no sul da Hungria, como um dos destaques da primeira metade destes Jogos Olímpicos. Texto editado por Jorge Miguel Matias