Muita acção em Nova Iorque na America’s Cup World Series
Ventos noroeste de quase 20 nós garantiram o espectáculo nas regatas do Super Sunday, com os catamarãs AC45 a voarem literalmente no rio Hudson. Vitória final da equipa Emirates Team New Zealand.
A instabilidade dos ventos de noroeste e a forte corrente no rio Hudson brincaram com a frota de seis catamarãs AC45 tripulados pela elite da vela internacional. Apesar do espectáculo visual dos cascos a voarem acima da superfície das águas, a performance de cada equipa foi muito variada nas três regatas finais do segundo evento Louis Vuitton America’s Cup World Series 2016, as provas de qualificação para a 35.ª America’s Cup, em 2017, nas Bermudas.
Com pontuação a dobrar, a primeira vitória ficou nas mãos da equipa sueca Artemis Racing, cujo táctico inglês Iain Percy definiu a estratégia em meio aos saltos de vento que fizeram com que os rivais ora ficassem à mercê da corrente, ora disparassem para todos os lados do campo de provas.
O Artemis Racing conseguiu garantir o primeiro lugar com uma larga vantagem durante as 7 das 9 voltas de percurso no campo de regatas, enquanto o Groupama Team France protestava contra a equipa inglesa Land Rover Bem Ainslie Racing na rondagem da primeira bóia. Ainda assim, o skipper Ainslie conseguiu terminar a prova em segundo lugar, enquanto o rival francês ficava no último posto.
Na segunda regata do dia, um grande salto do vento logo na linha de largada provocou o avanço involuntário das equipas Oracle Team USA, SoftBank Team Japan e Artemis Racing, todas devidamente penalizadas pelos árbitros. A equipa francesa assumiu o comando e aí permaneceu até à meta, registando pela primeira vez uma vitória no evento, uma felicidade para o skipper Franck Cammas, que só agora regressou ao posto a bordo depois de cinco meses de recuperação física após o acidente náutico que quase lhe decepou o pé.
Entretanto, com a variação da direcção do vento, a etapa de través passou a ser uma navegação à popa e a táctica agressiva do skipper inglês Ben Ainslie rendeu uma penalização ao Artemis Racing na rondagem de uma das bóias.
Na meta, o resultado foi o reverso da primeira regata – com Groupama Team France, Oracle Team USA, Emirates Team New Zealand, Softbank Team Japan, Land Rover Ben Ainslie Racing e SoftBank Team Japan.
A terceira e decisiva regata foi disputada sob ventos ainda mais instáveis. Com uma boa largada, a equipa Oracle Team USA conseguiu assumir o protagonismo aproveitando um grande salto do vento.
Mas, de seguida, a equipa do arqui-rival Dean Barker, do SoftBank Team Japan, passou à frente para logo ser ultrapassada pelos ingleses do Land Rover Ben Ainslie Racing que, por sua vez, foram além do limite do campo de regata devido à forte corrente, sofrendo uma penalização, o mesmo acontecendo com o SoftBank Team Japan. Enquanto isto, os neozelandeses do Emirates Team New Zealand arrebataram a vitória no evento em Nova Iorque, depois de aproveitarem mais um salto do vento, e garantiram a liderança na classificação geral da série, com 244 pontos, seguidos pelo Oracle Team USA, com 236, e Land Rover BAR, com 227.
Este final electrizante contou com um percalço para a equipa neozelandesa, pois logo na largada o catamarã Emirates Team New Zealand embateu contra a bóiae a corrente enroscou-se no leme, o que fez com que o catamarã ficasse imóvel subitamente. O tripulante Blair Tuke teve de saltar para a água para intervir e o pior é que o casco sofreu danos devido ao embate e a água foi vazando para dentro do casco durante toda a regata.
Foi uma competição em que todo o mundo teve sorte e azar, mas tivemos a sorte de terminar a terceira regata em primeiro lugar. Foi emocionante e uma loucura ao mesmo tempo. Foi importante manter a calma e permanecer concentrado. Na largada vimos que a bóia estava a aproximar-se quando restavam apenas 20 segundos para o sinal de largada. Não foi bom, mas tivemos sorte”, contou o skipper Glenn Ashby, que conta com o seu parceiro Peter Burling no leme, ambos campeões mundiais na classe olímpica 49er e consagrados velejadores do ano pela ISAF.
O Emirates Team New Zealand perdeu assim posições e rondou a última bóia de barlavento em 5.º lugar, com 42 segundos de défice para o Softbank Team Japan, a bordo do qual segue o compatriota Dean Barker (ex-skipper do ETNZ). Mas quando as demais tripulações iniciaram o percurso à popa encontraram-se numa área sem vento que a equipa neozelandesa conseguiu evitar e vencer a derradeira regata.
A organização do evento registou no domingo um público estimado em 100.000 pessoas na Race Village e nas margens do rio Hudson, o que superou as 75.000 pessoas que acorreram ao local no sábado. O próximo evento será em Chicago, a 10 de Junho.