Eusébio marcou o seu primeiro golo ao FC Porto dias antes da final de Amesterdão
Em vésperas da final da Taça dos Campeões com o Real Madrid, em Amesterdão, o "Pantera Negra" estava motivadíssimo e estrou-se a marcar contra os "dragões", festejando em euforia (Texto originalmente publicado a 2 de Março de 2012, para assinalar a efeméride).
O Benfica acabaria por vencer o FC Porto, por 3-1 (com mais dois golos de Simões), afastando o adversário dos oitavos-de-final da prova. Este seria o único troféu interno que os lisboetas conquistariam (dois meses depois) na temporada da sua grande consagração internacional. De maneira bem diferente decorria o campeonato nacional, onde 21 dias antes do jogo da Taça os “encarnados” tinham recebido pela primeira vez na época os portistas, tal como agora, na passagem da 21.ª jornada. Um primeiro encontro com sabor doce para os “azuis e brancos”, que garantiram um empate a uma bola, suficiente para apanharem o Sporting no primeiro lugar da tabela classificativa (com cinco pontos de vantagem sobre os “encarnados”).
Entre estas duas partidas, o estado de espírito do Benfica alterou-se drasticamente. Pelo meio, confirmaria a presença em Amesterdão, eliminando os ingleses do Tottenham nas meias-finais da Taça dos Campeões Europeus. Uma competição que vencera na temporada anterior pela primeira vez, interrompendo uma hegemonia de cinco anos do Real Madrid. E, para apimentar o cenário, nada melhor do que um embate entre os dois colossos ibéricos e europeus para um tira-teimas que a imprensa portuguesa e internacional intitularia “A maior final de sempre”. O FC Porto surgia, assim, como um ensaio geral para o grande jogo.
“O cheiro dessa vitória [frente aos “dragões”] já teve um pouco do perfume daquilo que viria a acontecer em Amesterdão”, recordou para o PÚBLICO António Simões: “Foi um dos primeiros jogos que eu fiz na equipa principal, onde era um titular recente, e esse clássico correu-me extraordinariamente bem, com o Eusébio a servir-me para os meus dois golos. No futuro, iriam inverter-se estes papéis e passaria a ser eu a servi-lo para ele próprio marcar.”
Carlos Pinhão, que iria acompanhar a aventura dos “encarnados” na Holanda, avaliou os jogadores no Estádio da Luz, destacando a prestação de Eusébio. “Exibição já em nível aproximado ao dos seus melhores jogos do princípio da época [apontou seis golos nas duas primeiras partidas do campeonato], faltando-lhe apenas felicidade no remate. Tanto procurou o golo, sem complexos de qualquer espécie, perante os sucessivos malogros, que viria a alcançá-lo, festejando-o como se se tratasse já de um golo… ao Real Madrid.”
Mas o repórter estava ainda longe de imaginar o que testemunharia no “país das tulipas” poucos dias depois.
As expectativas para a grande final eram proporcionais aos talentos em campo e ninguém ficou desiludido com o espectáculo, exceptuando, talvez, os adeptos madridistas. Com a partida empatada a três bolas, a meia hora do fim (o Real Madrid chegou a estar a vencer por 2-0), Eusébio tratou de garantir a vitória portuguesa com dois golos. Nascia o mito.
“Leões” festejaram
Nem Benfica nem FC Porto. Há 50 anos foi o Sporting que conquistou o campeonato nacional. Mas os “dragões” deram muita luta até final, com as duas equipas a chegarem empatadas à derradeira jornada. Na ronda de todas as decisões, os portistas foram a Guimarães jogar com o Vitória, e os “leões” enfrentavam em Alvalade o Benfica, bicampeão europeu. O derby lisboeta sorriria à equipa da casa, com um triunfo por 3-1, com o golo solitário de Eusébio (o primeiro da sua carreira ao Sporting), a não fazer diferença. No Minho, o FC Porto perdeu, por 1-0.