Sindika Dokolo quer ser fundador da Casa da Música e de Serralves
Os músicos angolanos Kiezos, Nástio Mosquito, Yuri da Cunha e Dalú Roger vão actuar no 1º. Festival de Música do Atlântico.
Não se sabe ainda qual vai ser o edifício que vai acolher a sede da Fundação Sindika Dokolo (FSD), criada em Luanda há cerca de uma década, mas o seu vice-presidente, Fernando Alvim, apresentou esta terça-feira no Porto um primeiro programa de actividades desta nova fase da vida da instituição.
“Queremos criar uma corrente permanente, sempre muito aberta, de troca de iniciativas e de conhecimentos” com várias instituições portuenses, disse Fernando Alvim ao PÚBLICO, sintetizando o programa que seria depois publicamente apresentado na Galeria Almeida Garrett, no Palácio de Cristal – onde entre Março e Maio foi apresentada, com notório sucesso, a exposição You love me, you love me not, a mostrar parte da Colecção Sindika Dokolo.
Fernando Alvim explicou que Dokolo, o coleccionador congolês (n. Kinshasa, 1972) que é marido de Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano, decidiu já adquirir um edifício para sede da fundação no Porto, “porque a ligação à cidade é um projecto para vários anos”. Mas não quis ainda anunciar o sítio, entre os quatros que foram ponderados, entre cedência, aluguer e compra, pelo facto de as negociações estarem ainda em curso.
Continuam entretanto a decorrer as negociações para a FSD vir a tornar-se fundadora da Casa da Música e de Serralves – neste caso, o processo está ainda numa fase inicial, confirmou ao PÚBLICO fonte da fundação portuense –, além da relação privilegiada que vai continuar a estabelecer com a Câmara Municipal do Porto (CMP).
As três instituições serão, de resto, convidadas a marcar presença, já no final deste ano, na 3ª edição da Trienal de Luanda, a decorrer entre Setembro e Novembro. “É para nós muito importante trabalhar com estas instituições que têm trajectos tão relevantes”, justifica Fernando Alvim, especificando que tanto Serralves como a Casa da Música serão convidadas a mostrar na capital angolana um pouco da sua história e do trabalho que vêm desenvolvendo a partir do Porto.
Iniciativas de educação musical e intercâmbio de concertos estão na agenda da Casa da Música, enquanto, com Serralves, a FSD está já a trabalhar na “preparação de uma exposição conjunta com obras das colecções de ambas as instituições”, para mostrar entre o Porto e Luanda, provavelmente já no próximo ano, e com passagem, depois, por outros “palcos” do mundo das artes.
A representar a CMP no Trienal de Luanda estará seguramente o vereador Paulo Cunha e Silva, para mostrar “o seu programa da cidade líquida, toda esta engenharia cultural que tem mostrado uma grande vitalidade”, realça Fernando Alvim. Este conceito de “cidade líquida” será plasmado na primeira edição, previsivelmente em Junho de 2016, do Festival de Música do Atlântico, que reunirá no Porto uma vintena de músicos e bandas de outras tantas cidades banhadas pelo oceano, em diálogo com outras tantos nomes da música portuense e portuguesa, em concertos “que se espalharão pelos palcos, praças e coretos da cidade”, anuncia o vice-presidente da FSD.
A actual formação da banda Kiezos, fundada nos anos 1960, o músico e artista Nástio Mosquito, o cantor Yuri da Cunha e o percussionista Dalú Roger são os nomes angolanos anunciados para este festival, cujas edições seguintes, anuais, deverão proporcionar o intercâmbio entre músicos e bandas de vinte cidades atlânticas.
Na nova agenda “portuense” da FSD está também o estabelecimento de relações com a Escola de Arquitectura do Porto, que deverá iniciar-se com a apresentação, no próximo ano, em Luanda, da exposição Porto Poetic, já exibida em Milão em 2013 e no Porto em 2014.