Rui Veloso não deixa a música mas faz uma pausa

Numa entrevista ao Diário de Notícias, revelou que vai deixar os palcos por um tempo.

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Rui Veloso está desiludido com o estado a que o país chegou Paulo Pimenta

O último concerto antes deste anúncio aconteceu nesta semana, sem que se soubesse que seria o último por algum tempo. Rui Veloso contou ao DN que até já deu por terminados os contratos com os músicos da banda que o acompanhavam em concertos, além de que não assumiu mais nenhum compromisso para o futuro.

Na entrevista em jeito de balanço de 34 anos de carreira , não escondeu a desilusão com o país, criticando o estado de esquecimento a que foi votado o sector cultural. Censurou ainda os muitos programas televisivos de caça-talentos musicais, “que tornam irrelevantes as carreiras de todos os profissionais”.

“Porque temos televisões e cidadãos que não querem qualidade ou arte. O que lhes interessa basicamente é a fama, pondo-se de parte músicos extraordinários – com dificuldade em ganhar o suficiente para comer”, diz, lembrando que é do tempo “em que havia patamares e estávamos ali para subir um degrau à nossa conta, tendo como objectivo chegar lá aos 50 e tal anos”.

“Hoje, há um caldeirão onde mestres estão misturados com analfabetos e não gosto de ter essa sensação. Não de ser mestre, mas de ter os meus mestres misturados com analfabetos”, atira aquele que é para muitos o pai do rock em Portugal.

É por isso que diz ter chegado a altura de parar. “Todos sabem de tudo como no futebol! Gente que nada percebe do que fala mas mesmo assim opina sem critério. Portanto, eu vou parar. Tenho de fazer uma paragem”, conta o autor de Chico Fininho, acrescentando que está na altura de passar algum tempo com a família e os amigos. Rui Veloso quer tempo: para arrumar coisas, para viajar. Mas também para “trabalhar calmamente” na sua música.

Nesta entrevista, Rui Veloso conta ainda que há muito que deixou de votar por não acreditar nos políticos de actualmente. “Fui de esperança em esperança, mas agora preciso de provas concretas de que as pessoas que lá estão querem respeitar o povo português”.

Duas vezes condecorado por presidentes da República pelo seu trabalho, Rui Veloso mostra-se agora desapontado com a classe politica, que diz ter “uma cultura duvidosa” e lamenta o estado a que o sector cultural chegou. “Nos últimos 30 anos há muita gente a fazer um grande esforço para o país desaparecer culturalmente.”

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