Há uma cantora chamada Loide que estou sempre a ouvir e que canta tão bem e com tanta verdade qur simplesmente não consigo interrompê-la. O álbum dela de 2015 chama-se In Time e é uma maravilha. Felizmente há um álbum anterior, Live At Bohemian Caverns, de 2009, em que nos deslumbra com o à-vontade com que canta nos clubes de jazz de Washington. Em inglês, criolo de Cabo Verde ou português, é sempre envolvente e carinhosa.

Loide é o nome artístico de Loide Rosa Jorge. Cresceu na Califórnia, vive em Washington e fala e canta como se fosse americana. É a artista mais gloriosamente cosmopolita e universalista que já conheci mas, por isso mesmo, faz questão de se orgulhar das raízes.

Não poderia ser mais cool mas é mais cool ainda do que se possa pensar. Não é apenas uma grande jazz singer. Como todas as grandes jazz singers – a coisa mais difícil que se pode ser – é também uma grande cantora.

Loide nasceu em França. A mãe nasceu em Quelimane, em Moçambique e o pai nasceu na Guiné-Bissau. Loide cresceu e estudou nos Estados Unidos da América. É advogada em Washington, com escritório aberto em nome dela, especializado em imigração. Ou seja: para além de grande cantora, é uma grande advogada, que ajuda as pessoas a tornarem-se cidadãs dos EUA.

Loide é uma daquelas pessoas raríssimas que melhoram o mundo através da arte e da vida. Recusa-se a decidir entre ser cantora à noite e advogada de imigrantes durante o dia.   

É uma diva, uma heroína e uma deusa.