Directora do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian sai no fim do ano
Isabel Carlos antecipa em um ano o fim do seu mandato sem prestar declarações. É a segunda saída inesperada da Gulbenkian, depois de António Pinto Ribeiro em Abril.
Isabel Carlos, actual directora do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai abandonar este cargo no próximo mês, antecipando em um ano o fim do seu mandato. A notícia foi avançada pela Lusa e depois confirmada ao PÚBLICO pela curadora que recusou, no entanto, prestar declarações.
É a segunda saída inesperada deste ano na Gulbenkian, depois de, em Abril, António Pinto Ribeiro, director do programa Próximo Futuro, ter também deixado repentinamente a fundação. Pinto Ribeiro, que apenas dois meses antes fora apontado coordenador de todos os serviços artísticos da casa, acusou o Conselho de Administração de "autoritarismo" e de uma "programação fechada ao mundo".
A fundação, cuja responsável de comunicação, Elisabete Caramelo, se escusou esta sexta-feira a tecer qualquer comentário, esperava que Isabel Carlos, de 52 anos, e que assumiu funções em 2009, mantivesse actividade até à reestruturação interna de 2017, momento em que o Centro de Arte Moderna e o Museu Gulbenkian criarão uma estrutura unificada e com apenas uma direcção: a cargo da britânica Penelope Curtis.
Esta reestruturação foi anunciada em Novembro de 2014, quando a Gulbenkian abriu o concurso internacional de que Penolope Curtis, de 53 anos e vinda da direcção da Tate Britain, em Londres, acabou por ser escolhida entre três dezenas de candidatos .
Em 2009, Isabel Carlos sucedeu a Jorge Molder, que ocupava o cargo desde 1994, e saiu no início daquele ano depois de ter pedido a reforma antecipada e a cessação das suas funções, por “motivos pessoais”. Antes, foi co-fundadora e subdirectora do Instituto de Arte Contemporânea do Ministério da Cultura, cargo que ocupou entre 1996 e 2001.
Nessa qualidade, organizou as representações portuguesas na Bienal de Veneza de 2001 e na Bienal de São Paulo de 1996 e 1998, foi membro do júri da Bienal de Veneza em 2003, directora artística da Bienal de Sydney no ano seguinte, curadora do Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza de 2005 e curadora da 9.ª bienal de Sharjah, Emirados Árabes Unidos.
Licenciada em Filosofia e mestre em Comunicação Social, crítica de arte desde 1991, foi também assessora da área de exposições de Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura.
Penelope Curtis, que é historiadora de arte, assumiu a direcção do Museu Calouste Gulbenkian em Setembro último e, a partir de 2017, ficará à frente da nova estrutura museológica que se dedicará tanto às artes visuais como às decorativas. Nas suas atribuições, segundo o anúncio do concurso aberto no ano passado, estará o desenho de uma programação de “exposições e actividades para atrair mais e diversificados públicos”.
Curtis, que foi directora da Tate Britain entre 2010 a 2014, é especialista em escultura. Em Março deste ano, quando a notícia da sua vinda para Portugal foi tornada pública, fez saber desejar “manter tudo o que é bom" no Museu Gulbenkian "e, ao mesmo tempo, trabalhar para que este aproveite o seu potencial e o seu contexto, de uma forma mais abrangente, especialmente na relação com o Centro de Arte Moderna”.