Ventura sentado a comer pipocas
A agenda da extrema-direita ganhou ao impor ao país a discussão da segurança e da imigração. Quem determina o que se discute, e como se discute, acaba sempre por ganhar.
O país tem enfim um Orçamento que afasta os fantasmas da crise, dinheiro para investir, nomes para a próxima corrida presidencial, as autárquicas na cabeça dos partidos, o SNS a tremer com o aumento do frio, o Governo e o Presidente aliados numa “entorse” à lei dos solos, Trump a desenrolar um discurso imperialista que augura conquistas territoriais, mas tudo isso é irrelevante perante as indignações do momento: a segurança, a operação do Martim Moniz ou, claro está, a imigração. O tema, quase um isco, foi artificialmente injectado há meses no debate público e ali continua sem que ninguém o consiga afastar. Meio vício, meio armadilha, arrasou a sensatez e instalou-se no fosso dos argumentos a preto-e-branco. A agenda da extrema-direita ganhou. Quem determina o que se discute, e como se discute, acaba por ganhar a discussão.
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