Perverts: o aterrador mergulho de Ethel Cain no abismo

Estrela desconfortável com a fama, a jovem americana suspende quase tudo o que poderia ser considerado acessível na sua música, fazendo um álbum experimental tão interessante quanto exigente.

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Desassossego, sufoco: o surpreendente novo disco de Ethel Cain Joseph Okpako/WireImage
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Não seria inteiramente correcto dizer que Perverts, o novo projecto de Ethel Cain, surgiu do nada: Preacher’s Daughter (2022), disco de estreia da jovem cantora e compositora americana, revelou alguém capaz de engendrar um refrão quimicamente perfeito — o exemplo óbvio é American teenager, canção munida não só de doses recomendáveis de frustração com a propaganda do sonho americano, mas também de uma guitarra estranhamente reminiscente dos Journey —, mas a destreza melódica era um colchão para amparar a queda. Indo do desencanto religioso (a artista vem de uma família profundamente cristã) ao amor doentio, à violência sexual ou a incapacidade de encontrar na família um porto seguro, Preacher’s Daughter não é exactamente um álbum levezinho.

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