União de forças em Milão: Prada pode vir a comprar a Versace, diz imprensa italiana

A Capri Holdings poderá ter interesse em vender a Versace, depois de ter ficado por terra o negócio com a Tapestry, proprietária da Coach.

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Desfile da Versace em 2023. Na fotografia, a modelo Gigi Hadid Mario Anzuoni/Reuters
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A italiana Prada está entre os potenciais compradores do grupo de moda Versace, que a Capri Holdings estará prestes a colocar à venda, avança o jornal italiano Il Sole 24 ore nesta sexta-feira, sem especificar o valor de compra que poderá estar em causa.

Em Novembro, a Tapestry, proprietária da Coach, abandonou um acordo de 8,5 mil milhões de dólares (cerca de 8,3 mil milhões de euros) para comprar a Capri, proprietária da Michael Kors, até agora dona da Versace e também da Jimmy Choo.

Após o fracasso do negócio para criar um grande conglomerado de luxo nos EUA ─ os dois maiores grupos de moda, a LVMH e a Kering, são franceses ─, os executivos da Capri dizem não excluir a possibilidade de uma potencial venda das suas marcas.

A Capri contratou o Barclays para analisar opções estratégicas, incluindo a venda das suas marcas Versace e Jimmy Choo, disseram à Reuters duas pessoas com conhecimento directo do assunto. Outra fonte confirmou que todo o grupo Capri Holdings também poderia estar à venda.

A Prada pode ser uma das interessadas e está a analisar o processo com o Citi, segundo a imprensa italiana. No passado, o mesmo banco trabalhou com a Prada num projecto de dupla cotação que foi suspenso.

Contactada pela Reuters, a Prada não quis comentar, tal como o Citi não mostrou disponibilidade para responder. Nesta sexta-feira, as acções da Prada cotadas em Hong Kong fecharam em queda de 0,4%.

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Donatella Versace Andrew Kelly/Reuters
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Miuccia Prada Reuters

A Versace, fundada em Milão em 1978 pelo criador italiano Gianni Versace (1946-1997), ainda é uma empresa de cariz familiar e actualmente é dirigida por Donatella Versace, irmã do fundador, que é a directora criativa das várias linhas de moda. A etiqueta tornou-se especialmente conhecida pelos seus estampados arrojados e opulentos, incluindo o icónico padrão Medusa.

Já a Prada, cujo estilo rigoroso e intelectual tem a marca da directora criativa Miuccia Prada, tem vindo a desafiar a recessão global do sector, com um aumento das vendas de 18% em moeda constante no terceiro trimestre. O grupo, que se mantém uma raridade na indústria pela sua independência, também tem a MiuMiu, liderada igualmente por Miuccia ─ na Prada, a criadora assina as colecções ao lado do belga Raf Simons.

Em 2018, a Capri comprou a Versace à família italiana e ao fundo de investimento americano Balckstone por 1,83 mil milhões de euros. Agora, desconhece-se qual será o valor envolvido na transacção. No passado, chegaram a apresentar-se outros interessados na compra, como a Kering, a Exor ou a família Agnelli-Elkann, que acabaram por recuar.

No que toca ao desempenho financeiro da Versace, a casa de Milão foi responsável por um quinto das receitas da Capri no ano fiscal até 30 de Março de 2024, ou seja, mil milhões de dólares de um total de 5,2 mil milhões de dólares (cerca de 5 mil milhões de euros) para o grupo, o que compara com 5,6 mil milhões de dólares (cerca de 5,5 mil milhões de euros) no ano anterior.

Em Novembro, a Capri registou uma queda maior do que a prevista nas receitas trimestrais, prejudicada por erros de execução e por um abrandamento global da procura de artigos de luxo.