Nos primeiros nove dias do ano já houve uma morte por violência doméstica — e várias ocorrências

Em nove dias de 2025, já se contabilizam inúmeras ocorrências de violência doméstica, uma delas com uma vítima mortal.

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Nos primeiros nove dias do ano já há uma vítima mortal e oito ocorrências de violência doméstica Manuel Roberto
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Nos últimos anos, as mulheres mortas em contexto de violência doméstica ultrapassaram sempre as duas dezenas. E, ao fim de apenas dez dias, este ano de 2025 registou já também aquele que parece ter sido o primeiro homicídio em contexto de violência conjugal. As ocorrências relacionadas com este tipo de violência, porém, são já muitas mais do que os dias decorridos desde o início do ano.

O PÚBLICO contactou a PSP para tentar perceber quantas ocorrências de violência doméstica existiam nos primeiros nove dias de 2025. Não existe um número agregado. Contudo, fonte do Comando Metropolitano da PSP do Porto avançou que, apenas na sua zona de jurisdição, havia nove registos. Acrescentou, ainda, que "este número pode ser, na realidade, muito maior".

Durante os festejos de passagem de ano, foi detido um homem de 36 anos, no Cadaval, Lisboa, por suspeita de ter agredido a mãe, de 64 anos, o sobrinho de dois anos e uma militar da GNR que interveio no episódio. Os militares depararam-se com a mãe do agressor em paragem cardiorrespiratória e o sobrinho teria sido pontapeado na cabeça. O homem foi libertado no dia 3 de Janeiro.

No dia 1 de Janeiro, um octogenário foi detido por violência doméstica, no concelho da Murtosa, Aveiro. O homem foi apanhado em flagrante, numa operação conduzida pelo Comando Territorial de Aveiro da GNR, após denúncias de ameaças dirigidas à sua companheira, uma mulher de 51 anos. O detido foi constituído arguido e presente ao Tribunal Judicial de Aveiro dois dias depois. O homem, que também tinha na sua posse duas caçadeiras e 27 cartuchos, ficou sob proibição de porte arma e de contacto com a vítima. Está a ser controlado através de pulseira electrónica.

Um homem de 22 anos esfaqueou a avó e o primo, no dia 4 de Janeiro, em Caneças, Odivelas. Não foram conhecidos os motivos da agressão, mas a avó, de 70 anos, ficou internada no Hospital Santa Maria, em Lisboa, em estado grave, por ter sido esfaqueada no peito e mãos. O primo, com a mesma idade que o agressor, tratou dos ferimentos ligeiros no Hospital Beatriz Ângelo. A PSP deteve o suspeito, mas não sabe o que espoletou a agressão.

No mesmo dia, um jovem de 23 anos esfaqueou o próprio pai, de 53 anos, em Vale Mourão, no Cacém. A vítima foi internada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com ferimentos no tórax e um prognóstico reservado. O agressor foi interceptado e detido pela PSP pouco depois da agressão. A vizinhança de ambos disse à TVI que consideravam o agressor "problemático".

Ainda a 4 de Janeiro, uma criança de três anos ficou ferida e teve de receber tratamento hospitalar na sequência de uma discussão entre os pais, que se começaram a agredir mutuamente, em Matosinhos. Também os pais, um homem de 31 anos e uma mulher de 33, foram transportados para o hospital. Não foram efectuadas detenções.

Pela 1h da manhã de domingo, dia 5 de Janeiro, a polícia foi chamada a intervir num episódio de violência doméstica, na Rua Lyon em Sintra, no qual um homem ameaçava a esposa e o filho. Quando os agentes chegaram, também foram agredidos com cotoveladas e um taco de bilhar. Ambos os agentes tiveram de receber tratamento no Hospital Fernando Fonseca, na Amadora. O agressor, que também sofreu ferimentos devido à resistência oferecida, foi detido no hospital.

Às 10h de 8 de Janeiro, em Vila de Moreira de Cónegos, Guimarães, foi detido um homem de 72 anos, residente em Braga. Agentes da Divisão de Investigação Criminal detiveram o reformado e apreenderam-lhe uma arma de fogo depois da prática de violência doméstica. O detido será presente ao Tribunal de Matosinhos.

Na madrugada de 9 de Janeiro, esta quinta-feira, um homem matou a mulher, no Barreiro, com uma tesoura e à frente dos dois filhos do casal, com seis e 14 anos. O filho mais velho terá tentado impedir a agressão. A PSP chegou ao local depois de um alerta à 00h05 para "uma ocorrência de violência doméstica a decorrer", mas a mulher já não tinha sinais vitais. O suspeito entregou-se numa esquadra duas horas depois do crime. A mulher já teria feito, em 2022, uma queixa de violência doméstica contra o marido, mas esta acabou por ser arquivada.

A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género ainda não apresenta os dados referentes à totalidade de 2024. Contudo, até ao final de Setembro, houve 23.032 ocorrências participadas à PSP ou GNR. A violência doméstica é um crime público e deve ser denunciado às autoridades, presencialmente ou através do 112.

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