Galp negoceia em bolsa indiferente à demissão do presidente executivo

Filipe Silva admitiu, perante a Comissão de Ética e Conduta da Galp, um relacionamento com uma directora da empresa, que não foi comunicado aos órgãos competentes da Galp, como ditam as regras.

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Filipe Silva, até agora presidente executivo da Galp, demitiu-se do cargo ric ricardo campos
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A Galp segue, nesta quarta-feira, a negociar em bolsa praticamente inalterada face à última sessão, apesar das notícias recentes em torno da demissão do seu presidente executivo. Filipe Silva renunciou ao cargo na sequência de uma investigação da Comissão de Ética e Conduta da Galp, que concluiu que o gestor terá mantido um relacionamento com uma directora da empresa, um evento que pode implicar um conflito de interesses mas que, para já, parece não afectar os investidores.

A demissão de Filipe Silva foi anunciada na terça-feira, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). "A Galp informa que Filipe Silva notificou a presidente do conselho de administração [Paula Amorim] da sua renúncia aos cargos de presidente da comissão executivo e de vice-presidente do conselho de administração, por motivos familiares", pode ler-se na nota, que acrescenta que a demissão tem efeitos imediatos e que a nova direcção executiva será anunciada "nos próximos dias".

Na origem da demissão está um episódio que não é referido na nota divulgada pela CMVM. A história começou por ser avançada pelo Eco, que, no dia 3 de Janeiro, deu conta de que a Comissão de Ética e Conduta da Galp estaria a investigar uma denúncia anónima relativa ao presidente executivo. Em causa, um relacionamento de Filipe Silva com uma directora da empresa, cujas funções dependiam directamente do presidente executivo. Na altura, Filipe Silva não confirmou nem desmentiu este relacionamento.

Esta quarta-feira, já depois da demissão do presidente da Galp, o Eco e o Jornal de Negócios adiantam que Filipe Silva terá confirmado a relação (ainda que não tenha esclarecido se essa era uma relação amorosa) com a sua subordinada perante a Comissão de Ética e Conduta da Galp, com quem se reuniu de urgência na segunda-feira. E, ao contrário do que ditam as regras da empresa, não comunicou esta relação aos órgãos competentes da Galp.

Tal como determina o Código de Ética e Conduta da Galp, os trabalhadores desta empresa "têm a obrigação de reconhecer quando estejam, possam vir a estar ou possam ser percepcionados como estando perante uma situação que configure conflito de interesses". Quando isso acontece, "devem reportar através da plataforma existente para o efeito, por forma a que sejam tomadas as medidas que permitam eliminar ou gerir tais conflitos". O incumprimento desta regra acabou por ditar a saída de Filipe Silva, que, de acordo com o Jornal de Negócios, irá assumir funções na empresa fundada pelo pai, a Trivalor.

O episódio está, por outro lado, a ter um impacto praticamente nulo no mercado de capitais. Esta manhã, a Galp segue a negociar com uma desvalorização ligeira, de 0,28%, mantendo-se próxima dos valores da última sessão, na casa dos 16 euros por acção.

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