Ucrânia diz estar a conduzir “novas acções ofensivas” na região russa de Kursk
Kiev ocupa parte da região desde uma incursão militar em Agosto de 2024. Forças ucranianas sofreram perdas no últimos meses.
A Ucrânia confirmou esta terça-feira que as suas forças estavam a “iniciar novas acções ofensivas” na região fronteiriça russa de Kursk, dois dias depois dos relatos russos de um novo impulso ucraniano na área.
A Ucrânia ocupou pela primeira vez parte da região de Kursk numa incursão surpresa em Agosto passado, tendo mantido o território durante cinco meses, apesar de ter perdido algum terreno. O Ministério da Defesa russo afirmou no domingo que Kiev tinha lançado um novo contra-ataque.
Na terça-feira, o Estado-Maior da Ucrânia, que mantém um controlo apertado sobre as informações que saem da área, para segurança da sua operação, disse que as Forças Armadas de Kiev tinham atingido um posto de comando russo perto da povoação de Belaya, na região de Kursk.
O ataque e outras operações recentes na região foram coordenadas com as forças terrestres ucranianas, que “estão actualmente a iniciar novas operações ofensivas” contra a tropa russa, afirmou.
Mais tarde, os militares eliminaram qualquer menção a um novo ataque na declaração no Telegram, substituindo a frase por uma muito mais vaga “operações de combate”. Não deram qualquer explicação.
O Ministério da Defesa da Rússia, que caracterizou o contra-ataque ucraniano como "desastrado" nos últimos dois dias, afirmou num comunicado que as suas forças tinham efectuado ataques a unidades ucranianas na região de Kursk.
O comunicado indica seis locais onde terão derrotado brigadas ucranianas e outros sete - incluindo um no lado ucraniano da fronteira - onde terão sido efectuados ataques contra tropa e equipamento ucranianos.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os relatórios dos campos de batalha de ambos os lados.
A aparente escalada dos combates na região de Kursk ocorre num momento crítico para a Ucrânia, cujas forças, em menor número e com menos armas, estão a lutar para repelir os avanços russos no Leste.
Capturar e manter uma fatia do território russo na região de Kursk deu à Ucrânia uma moeda de troca em potenciais conversações de paz, enquanto ambos os lados lutam para melhorar as suas posições no campo de batalha antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca. O presidente eleito dos EUA, que tomará posse a 20 de Janeiro, tem dito repetidamente que vai acabar rapidamente com a guerra de quase três anos, mas sem dizer como.
O Instituto para o Estudo da Guerra, sediado nos EUA, afirmou que as imagens geolocalizadas da região publicadas no domingo e na segunda-feira indicavam recentes avanços ucranianos em três áreas a nordeste da cidade de Sudzha.
As forças russas estão a tentar atacar outras zonas da região. Bloggers militares russos relataram combates em Malaya Loknya, a noroeste de Sudzha.
A ofensiva da Ucrânia na região de Kursk teve um custo. No final de 2024, as forças russas avançaram no leste da Ucrânia ao ritmo mais rápido desde 2022. A sua tropa controla cerca de um quinto do território da Ucrânia.
Avaliações ocidentais e ucranianas dizem que a Rússia também tem cerca de 11 mil soldados da sua aliada Coreia do Norte a combater com as suas próprias forças na região. A Rússia não confirmou nem negou a sua presença.
A Ucrânia e os Estados Unidos afirmam que um grande número de pessoas foram mortas, com o secretário norte-americano, Antony Blinken, a apresentar na segunda-feira um número de mais de mil norte-coreanos mortos ou feridos.
As forças especiais ucranianas afirmaram na terça-feira passada que mataram 13 soldados norte-coreanos e publicaram fotografias no Telegram que, segundo eles, mostravam os seus corpos e documentos de identificação.
Numa actualização regular, o Estado-Maior ucraniano disse que houve 27 ataques russos na região de Kursk na última semana.