Ralph Lauren acaba de fazer história como o primeiro criador de moda a ser condecorado nos Estados Unidos. O Presidente Joe Biden distinguiu o designer neste sábado, 4 de Janeiro, com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo trabalho em prol da cultura americana, não só enquanto visionário da moda, mas também como empresário e filantropo. Além de Lauren, Biden medalhou, ainda, a directora global da revista Vogue, Anna Wintour, e mais 16 personalidades na mesma cerimónia na Casa Branca.
“A América é o meu país — a minha casa e a sua história, tradições e valores foram sempre uma inspiração. Receber a Medalha Presidencial da Liberdade, conferida pessoalmente pelo Presidente dos Estados Unidos, é uma honra para toda a vida. Como orgulhoso cidadão americano, aceito-a com gratidão e grande humildade”, reagiu o criador de 85 anos em declarações à revista Women’s Wear Daily, neste sábado.
Ralph Lauren é conhecido por transmitir valores patriotas através das suas criações, frequentemente de forma literal, com bandeiras e as cores dos EUA nas colecções comerciais, que acompanham uma assinatura clássica e com foco na alfaiataria nas linhas de passerelle. Além disso, sabe-se da proximidade entre o clã Biden e o criador, que desenhou o fato azul-escuro que Joe Biden usou para a tomada de posse, em Janeiro de 2021. Também Jill Biden é fotografada frequentemente a usar peças Ralph Lauren.
Filho de imigrantes polacos e veterano do Exército norte-americano, o criador foi elogiado como empreendedor, por ter “transformado um pequeno negócio de gravatas numa das marcas mais emblemáticas da América”. A Casa Branca destaca, ainda, o trabalho solidário de Lauren, “um filantropo dedicado, incluindo na luta para acabar com o cancro”, através da fundação em nome próprio. “Ralph Lauren recorda-nos o nosso estilo distinto enquanto nação de sonhadores e fazedores”, acrescenta.
Além de Ralph Lauren, Biden distinguiu a conhecido directora global da Vogue, Anna Wintour, também pelo trabalho em prol da moda nos EUA desde 1988 e pelas suas iniciativas solidárias, tendo já angariado 20 milhões de dólares para a investigação sobre a cura do VIH.
Mais alta condecoração
A duas semanas de deixar a Casa Branca, Biden condecorou 18 personalidades, que resumiu como “ícones culturais, estadistas dignos, humanitários, estrelas do rock, estrelas do desporto”. E declarou: “Tenho a honra de conceder a Medalha da Liberdade — a mais alta condecoração civil da nossa nação — a um grupo de pessoas verdadeiramente extraordinárias que deram o seu esforço sagrado para moldar a cultura da América.”
Além da britânica Anna Wintour, Biden condecorou outras personalidades internacionais como o chef espanhol José Andrés, o cantor irlandês Bono, a britânica Jane Goodall e o futebolista argentino Lionel Messi que, por conflito de agenda, não marcou presença, nem enviou ninguém para o representar, lamentou a Casa Branca.
Entre os norte-americanos, foram agraciados o ex-secretário de Estado da Defesa Ashton Baldwin Carter, a democrata Hillary Clinton, os actores Michael J. Fox e Denzel Washington, os filantropos Tim Gill e George Soros, o basquetebolista Earvin “Magic” Johnson, o comediante William Sanford Nye, o empresário David M. Rubenstein e o fundador do American Film Institute George Stevens Jr.. A título póstumo, foram condecorados a activista Fannie Lou Hamer, o ex-procurador-geral Robert Francis Kennedy e o ex-secretário do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano George W. Romney, pai do ex-senador republicano Matt Romeny. A todos, Biden agradeceu “tudo o que fizeram para ajudar o país”.
E terminou: “Inspiram e trazem cura e alegria a tantas vidas que, de outra forma, não seriam tocadas. Respondem ao chamamento para servir e levam outros a fazer o mesmo. Defendem os valores da América mesmo quando estão a ser atacados, o que tem acontecido. Juntos, deixam uma marca incrível no nosso país.”
Biden condecorou os 18 homenageados numa cerimónia de apenas 32 minutos, que contou também com a primeira-dama, Jill Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, acompanhada do “segundo cavalheiro”, Doug Ehmoff. Os quatro estão de partida da Casa Branca já no próximo dia 20, data para quando está marcada a tomada de posse de Donald Trump.