Foi uma noite cintilante no Hotel Beverly Hilton, em Los Angeles. As estrelas do cinema e da televisão aprimoraram-se para a 82.ª cerimónia de prémios da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, inaugurando oficialmente a corrida aos Óscares com aquela que é a primeira grande passadeira vermelha de 2025. As celebridades responderam em massa ao ímpeto da noite e apostaram em brilhos, tanto que a imprensa especialista em moda escreve, com humor, que pode haver em breve falta de lantejoulas no mercado.
Sem brilhos ou lantejoulas, Zendaya destacou-se pela cor e pelo volume num modelo feito à medida pela Louis Vuitton ─ que pode vir a definir tendências para as próximas cerimónias de prémios. Em laranja terracota, o vestido de cetim combinava um corte esguio na frente com uma grande saia volumosa atrás que trazia dramatismo, alavancado ainda pelo cabelo com ondas estilo Hollywood ou as vistosas jóias Bulgari.
Mas há um acessório em particular que terá captado a atenção dos fotógrafos da red carpet: um anel com um diamante no dedo anelar da mão esquerda. A imprensa norte-americana questiona se Zendaya e Tom Holland poderão estar noivos, ainda que o actor não tenha acompanhado a namorada na passadeira vermelha. Até agora, o casal ainda não reagiu aos rumores de noivado.
Quem está a festejar publicamente o noivado é Selena Gomez, que se fez acompanhar pelo noivo, o produtor musical Benny Blanco, exibindo o vistoso anel de diamante. Nomeada pelos papéis em Emilia Pérez ou Homicídios ao Domicílio, a actriz trouxe uma reinterpretação moderna da Cinderela com um vestido azul em cetim (uma tendência nesta red carpet) da Prada e um xaile a completar o decote que revelava os ombros.
“Não tenho a certeza de que se trate mais de equívocos do que do facto de eu estar genuinamente feliz onde estou e de me sentir óptima. As pessoas tendem a questionar todas as partes da minha vida, mas não faz mal”, comentou a artista, na entrevista ao canal E! na passadeira vermelha, sobre os constantes rumores sobre a sua vida, que já a levaram, inclusive, a desistir do Instagram por diversas vezes ─ no ano passado, fê-lo logo a seguir aos Globos de Ouro, depois de uma polémica com Kylie Jenner.
Ida aos arquivos
E, por falar em Kylie Jenner: a socialite também esteve presente na cerimónia ao lado do namorado, Timothée Chalamet, que era um dos favoritos para vencedor de melhor actor ─ o vencedor do concurso de sósias de Chamalet também esteve na cerimónia. Jenner elegeu um dos modelos vintage da noite, um vestido de lantejoulas prateadas da Versace, utilizado por Elizabeth Hurley em 1999.
Kylie Jenner sentou-se precisamente ao lado de Elle Fanning, que também recorreu aos arquivos da moda para o visual desta noite. O vestido de baile com saia rodada em cetim trata-se de uma recriação de um modelo de alta-costura de Pierre Balmain de 1953, que terá sido inspirado por uma “flute de champanhe invertida”, detalha a marca. A criação original era feita em tule e tinha o busto em pêlo com estampado animal. O director criativo Olivier Rousteing manteve o estampado, mas modernizou-o com lantejoulas.
Mantendo a tendência de regressar aos arquivos, Anya Taylor-Joy foi ao baú da Dior para recuperar um vestido de cetim rosa que combinou com um xaile da mesma cor. Mas foi Ariana Grande quem recuou mais longe no passado da moda com uma criação de 1996 de Hubert de Givenchy, feita à medida para Audrey Hepburn ─ nunca chegou a ser usado. O vestido em seda amarela destaca-se pelo busto em pedraria na mesma tonalidade. A actriz, nomeada por Wicked, completou ainda o coordenado com umas luvas brancas. Por contraste, a parceira de elenco Cynthia Erivo apostou no preto com um estampado floral em brilhos da Louis Vuitton.
E se algumas estrelas vão aos arquivos das casas de moda, outras recorrem aos seus próprios armários. Para 2025, o mote é que não há problema em repetir visuais, diz Cate Blanchett. A actriz desfilou na passadeira vermelha com o mesmo vestido dourado da Louis Vuitton que tinha usado na estreia de Disclaimer no Festival de Cannes, em Maio. A stylist da actriz, Elizabeth Stewart, detalhou à revista People que a criação demorou mais de 1200 horas a fazer e pesa cerca de seis quilos em virtude da quantidade de pedraria que o torna metalizado. “O drapeado é tão magistral que parece simultaneamente líquido e esculpido em pedra”, elogia.
As red carpet são momentos de excelência para as casas de moda que ali vêem uma oportunidade de apresentar as suas melhores criações e a Chanel apostou todas as fichas em Keira Knightley com um vestido em veludo que demorou mais de 300 horas a costurar. A criação evoca a série Black Doves, com a qual Knightley estava nomeada para melhor actriz. A cintura foi marcada com penas negras e um cinto com um laço de seda. A terminar: o decote foi bordado em pedraria.
Também em negro, mas com algum brilho, Miley Cyrus surpreendeu com um modelo da Celine, que revelava as costas da cantora. Outras celebridades seguiram a máxima “com preto, nunca me comprometo”, como Naomi Watts em Schiaparelli, a brasileira Fernanda Torres em Olivier Theyskens, Pamela Anderson em Oscar de la Renta ou Zoë Kravitz, que foi uma das vencedoras da noite e vestiu Saint Laurent ─ um vestido preto com um laço e cauda branca.
Como grande destaque da noite, Angelina Jolie regressou aos Globos de Ouro para festejar a nomeação por Maria. Dias depois de finalizar oficialmente o divórcio com Brad Pitt, fez-se acompanhar da filha Zahara Jolie, de 19 anos. As duas vestiram McQueen, com a actriz a exibir uma criação de lantejoulas prateadas que se enquadrou na tendência da passadeira vermelha.
Menos óbvia foi a escolha da estrela de The Bear Ayo Edebiri, que decidiu prestar tributo a um dos visuais mais icónicos de Julia Roberts: o fato Armani que a actriz usou para os Globos de Ouro em 1990. Ayo Edebiri reinterpretou o coordenado com um fato de silhueta exagerada assinado por Jonathan Anderson da Loewe.
WELCOME BACK JULIA ROBERTS #GoldenGlobes pic.twitter.com/fKh1DnJiq6
— kay (@dayasctrl) January 6, 2025
Até porque uma passadeira vermelha também serve para passar mensagens, como mostrou a actriz Karla Sofía Gascón, que estava nomeada para melhor actriz pelo papel em Emilia Pérez ─ foi Demi Moore a vencer com The Substance. Ainda assim, a actriz subiu ao palco quando a produção se consagrou como melhor filme e dedicou o prémio à comunidade trans, fazendo referência ao vestido laranja da Saint Laurent que vestia. “Escolhi estas cores ─ as cores budistas ─ esta noite porque tenho uma mensagem para vós: A luz vence sempre a escuridão”, declarou. E acrescentou: “Podem bater-nos, mas nunca nos poderão tirar a nossa alma, a nossa existência, a nossa identidade. E quero dizer-vos, levantem a voz e digam: ‘Eu sou quem sou, não quem vocês querem.’”
A temporada de prémios está inaugurada e estão definidas as tendências para as passadeiras vermelhas, que culminam nos Óscares a 2 de Março. Espera-se um ano de muito brilho e cor.