Apple paga 92 milhões de euros para arquivar queixas por escuta de conversas privadas

Utilizadores alegam que as suas conversas pessoais foram gravadas ao activarem inadvertidamente a Siri, a assistente virtual da Apple.

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Apple paga para pôr fim a acção judicial DAVID GRAY / REUTERS
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A Apple acordou pagar 95 milhões de dólares (cerca de 92 milhões de euros) para arquivar uma acção judicial colectiva em que a assistente virtual dos produtos da empresa, a Siri, era acusada de violar a privacidade dos seus utilizadores ao gravar e divulgar conversas íntimas sem autorização.

A proposta de acordo foi apresentada esta semana no tribunal federal de Oakland, na Califórnia, e ainda carece de aprovação pelo juiz do caso.

Em causa estão queixas de proprietários de iPhones que denunciam a gravação sistemática das suas conversas privadas pela Apple, depois de activarem a Siri de forma não intencional, e a divulgação do conteúdo dessas conversas a terceiros, como anunciantes.

Os assistentes virtuais activados por voz, softwares como a Siri ou a Alexa (da Amazon), reagem a certas palavras utilizadas pelos utilizadores para responder a questões ou executar tarefas que lhes são pedidas.

Dois dos queixosos afirmam que, depois de mencionarem ténis da linha Jordan da Nike ou o restaurante Olive Garden, por exemplo, começaram a ver anúncios a esses produtos ou estabelecimentos. Outro queixoso diz ter começado a ver publicidade a uma determinada intervenção cirúrgica depois de a ter discutido, em privado, com o seu médico.

As queixas remontam aos últimos dez anos, desde Setembro de 2014, altura em que a Apple adicionou a funcionalidade de activação da Siri por voz, através das palavras "hey, Siri", o que terá levado à produção inadvertida de gravações não autorizadas pelos detentores dos telemóveis.

O acordo permitirá agora a dezenas de milhões de consumidores norte-americanos receber, de forma compensatória, até 20 dólares (19,39 euros) por cada dispositivo adquirido num intervalo de tempo definido que funcione com a assistente Siri.

No acordo, a Apple nega ainda ter cometido qualquer irregularidade, não havendo uma admissão de culpa.

Os 95 milhões de dólares que a empresa norte-americana poderá gastar em pagamentos aos queixosos representam apenas cerca de nove horas de lucro para a Apple, que obteve um lucro líquido superior a 90 mil milhões no seu último ano fiscal.