O demónio já não é a extrema-direita, mas sim a extrema-esquerda?

João Carvalho, cientista político, observa que a extrema-esquerda é vista como mais antidemocrática do que a extrema-direita. E que esta tem conseguido normalizar um discurso que antes era impensável.

O último episódio teve lugar na Roménia. O candidato ultranacionalista Calin Georgescu venceu a primeira volta das eleições presidenciais, mas o Tribunal Constitucional considerou os resultados inválidos, e determinou a repetição da eleição.

A Rússia foi acusada de ter organizado uma campanha de desinformação e manipulação nas redes sociais para favorecer Georgescu, que não esconde as simpatias nazis. À semelhança de outros movimentos de extrema-direita, Georgescu defende o fim do apoio à Ucrânia e a aproximação à Rússia.

Na Alemanha, a AfD pode ser o segundo partido mais votado nas próximas legislativas, que serão antecipadas e, em França, Marine Le Pen faz planos para chegar ao Eliseu.

Neste episódio, João Carvalho, cientista político e investigador do Iscte, observa que há uma “diabolização” da extrema-esquerda, “vista como mais antidemocrática que a extrema-direita”. E que esta tem conseguido normalizar um discurso que antes era impensável.

A ascensão da extrema-direita, adverte João Carvalho, “pode levar a um processo lento de desintegração da União Europeia e ao enfraquecimento do multilateralismo”.


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