EUA: ocupante de Tesla que explodiu em Las Vegas era militar no activo

Autoridades identificam Matthew Livelsberger. Polícia afasta para já hipótese de terrorismo, bem como qualquer relação com o atentado de Nova Orleães. Segurança foi reforçada no resto do país.

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Viatura explodiu junto ao Trump International Hotel de Las Vegas na manhã de 1 de Janeiro ALCIDES ANTUNES / ALCIDES ANTUNES VIA REUTERS
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As autoridades norte-americanas identificaram o único ocupante do veículo Tesla que explodiu na quarta-feira à entrada do Trump International Hotel de Las Vegas como Matthew Livelsberger, um militar norte-americano no activo.

Livelsberger, de 37 anos, do estado norte-americano do Colorado, é a única vítima mortal do incidente, que feriu sem gravidade outras sete pessoas.

Até ao momento, o FBI afirma não ter encontrado qualquer prova que relacione a explosão em Las Vegas com o ataque terrorista ocorrido no mesmo Dia de Ano Novo em Nova Orleães, no estado da Luisiana, que matou pelo menos 14 pessoas e feriu mais de 30. O presumível autor desse ataque, Shamsud Din Jabbar, que as autoridades crêem ter agido sozinho, era um antigo militar norte-americano que recentemente declarara lealdade ao movimento terrorista Daesh. Conduziu uma carrinha pick-up Ford contra uma multidão que celebrava a passagem de ano na famosa Bourbon Street, no bairro francês da cidade do Sul.

As autoridades também não consideram, para já, que o incidente de Las Vegas possa ser classificado como um acto terrorista. Segundo a polícia metropolitana, Livelsberger terá posto termo à própria vida com uma arma de fogo momentos antes da explosão do veículo. O corpo apresentava ferimentos de bala e foi encontrado um revólver aos seus pés. O Tesla Cybertruck, alugado no Colorado, transportava outra arma de fogo, recipientes com gasolina e vários artefactos pirotécnicos. Não foram encontrados até ao momento indícios de envolvimento de outras pessoas no incidente. Mas um elemento da unidade de combate ao terrorismo do FBI, Christopher Raia, citado pelo New York Times, ressalva que a investigação está ainda numa fase inicial.

Livelsberger integrava uma unidade de forças especiais do Exército norte-americano e tinha sido condecorado pela sua participação na guerra do Afeganistão, para onde foi destacado cinco vezes. Nunca terá tido problemas com a lei e, segundo um familiar próximo que falou com a Reuters sob anonimato, seria um apoiante de Donald Trump, Presidente-eleito cujo grupo empresarial detém o hotel junto ao qual se registou a explosão de quarta-feira.

Permanecem desconhecidos os motivos para a acção. O FBI conduziu entretanto buscas na residência de Livelsberger em Colorado Springs. O presumível autor da explosão encontrava-se de licença e terá passado os últimos dias a visitar vários estados do Sudoeste, como o Arizona e o Novo México, antes de rumar a Las Vegas, no Nevada. Tinha alugado o Tesla em Denver, no Colorado, através da mesma empresa de rent-a-car a que recorreu Shamsud Din Jabbar. Até ao momento, as autoridades consideram que se terá tratado de uma mera coincidência. A empresa em causa, a Turo, diz estar a colaborar com as duas investigações em curso.

Reforço de segurança em Washington, Nova Iorque e Nova Orleães

Os dois incidentes levaram entretanto as autoridades norte-americanas a reforçar a segurança noutros locais do país. Em Washington, onde se realiza no dia 9 o funeral de Estado do antigo Presidente Jimmy Carter, e onde Donald Trump terá a sua segunda tomada de posse no dia 20, um dia depois de um "comício de vitória" marcado para uma arena desportiva da capital, a polícia disse à população para esperar uma presença mais visível e medidas acrescidas. O reforço está a ser coordenado pelos Serviços Secretos, o órgão de segurança policial da Presidência norte-americana.

"Continuaremos a trabalhar com os nossos parceiros policiais federais, estaduais e locais para avaliar um cenário de ameaça em constante mudança, e ajustaremos os nossos planos de segurança conforme seja necessário", declarou Matthew Young, porta-voz dos Serviços Secretos, citado pela Reuters.

Na Luisiana, e após o atentado na passagem de ano, foi declarado o estado de emergência no condado de Orleães (onde se localiza a cidade de Nova Orleães) e vigoram medidas extraordinárias de segurança até, pelo menos, ao final do Mardi Gras, a 4 de Março. Antes disso, a 9 de Fevereiro, Nova Orleães acolhe a final do campeonato futebol americano, a Super Bowl. Mas há, de momento, um cauteloso regresso à normalidade possível: esta noite decorria o jogo de futebol americano universitário que tinha sido cancelado na véspera, com os espectadores a assinalar um minuto de silêncio em memória das vítimas de Bourbon Street.

Na cidade de Nova Iorque, e apesar de não se registar qualquer ameaça concreta, o autarca Eric Adams anunciou um reforço policial em alguns dos locais mais movimentados da metrópole, como Times Square e a Penn Station, bem como junto da Trump Tower.

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